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50 Cent leva gangsta rap milionário ao Pacaembu
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
In da stadium. O Pacaembu recebe amanhã, dentro da segunda
etapa do multiforme Chimera
Music Festival, o rapper casca-grossa 50 Cent, a última grande
estrela do gangsta rap e responsável por uma das músicas mais tocadas no planeta de 2003 para cá,
o hit "In da Club".
Antes, nesta noite, o Chimera
empresta o astro americano para
o Rio Rap Festival, evento que será realizado no Pier Mauá. Os
shows promoverão o encontro
dos rappers pop polêmicos daqui
e de lá. Marcelo D2 é outra atração
do Rio Rap e do Chimera Music.
Mas, perto das confusões que
perseguem 50 Cent, D2 faz hip
hop gospel. O rapper americano,
28, que no passaporte se chama
Curtis Jackson, é do barulho: órfão de pai e mãe desde os oito
anos, já foi traficante, preso, esfaqueado, baleado (tem nove cicatrizes) e muitas vezes processado.
Por transportar essa vida barra-pesada para suas letras, sem tirar
nem pôr, a explosão de 50 Cent na
cena em 2003 provocou o resgate
do gangsta rap, do tipo que cultua
tanto um disco quanto uma arma,
subgênero que então estava em
queda livre na milionária cultura
hip hop dos EUA.
"Essa imagem de violência me
acompanha e nunca vou conseguir me livrar dela, porque minha
vida sempre esteve ligada a isso.
Não tinha como fugir do que eu
vivia na rua... Não era possível eu
cantar sobre flores para a mulher
amada ou sobre o sol da Califórnia se eu podia tombar morto a
qualquer momento", explicou 50
Cent à Folha, em uma conversa
que aconteceu há duas semanas
na Inglaterra, no dia em que o
rapper se apresentaria em uma
Wembley Arena (Londres) de ingressos esgotados.
O show do Wembley e o papo
ocorreram um dia antes de o rapper amargar outra encrenca, dessa vez no palco do gigante Reading Festival, quando foi expulso
sob vaias e uma chuva de garrafas.
Nova confusão. Com raiva, ao
sair de cena, o músico atirou o microfone em direção ao público
que o vaiava (não só). Um rapaz
de 18 anos reclamou na polícia
que foi atingido pelo microfone e
caiu nocauteado, inconsciente. 50
Cent teve que visitar a polícia antes de sair da Inglaterra.
No dia anterior ao incidente, na
entrevista, 50 Cent curiosamente
lembrava: "Com a vida que eu levava, eu me metia em encrenca
até quando eu tentava fugir dela.
Como eu, tem milhões na mesma
situação. O negócio é que dei sorte e fiz sucesso. O dinheiro me
sossegou um pouco."
A sorte a que o rapper se refere
foi ter cruzado em 2002 o caminho de outro rapper-encrenca, o
Eminem. Caiu nas mãos do astro
uma dessas "street tapes", fitas
cassete em que os rappers iniciantes botam seu ritmo e poesia e
vendem nas ruas e nas pequenas
lojas, esperando ser descobertos.
Assim nasceu o sugestivo "Get
Rich or Die Tryin'" (Fique Rico ou
Morra Tentando), lançado no ano
passado, que a esta altura já vendeu 12 milhões de unidades e fechou o ano ousando dividir as
atenções rapper com a obra-prima "Speakerboxxx/The Love Below", do Outkast.
"Devo tudo ao Eminem e ao Dr.
Dre [o outro produtor]. E não é
porque vendi milhões de discos
que vou deixar de agradecer aos
dois. Eu não era ninguém e hoje
eu posso levar minha música para
o Brasil, veja você."
50 Cent traz ao Brasil seu coletivo de rap G Unit e algumas poucas músicas novas, que vão estar
no próximo álbum, a chegar às lojas só em 2005 para suceder o ricaço "Get Rich...". O disco novo, a
priori previsto para fevereiro deste ano, já teve seu lançamento
adiado por três vezes.
"Não me senti pronto ainda para lançar um novo disco. Algumas
músicas estão OK, e essas podem
até entrar no show. Mas o resto
delas ainda não presta. Precisam
ser melhoradas", afirmou.
Segundo o rapper, as canções
do novo CD precisam se enquadrar neste hibridismo que o hip
hop vem assistindo nos EUA,
eclipsado pelo sucesso do Outkast, que mistura soul e jazz ao
rap. "Encontrar a mistura ideal é
o que tem dificultado minha vida,
até por causa de meu pobre histórico na música. Meu sonho é encontrar o equilíbrio perfeito entre
meu rap e uma canção do Stevie
Wonder", declara.
O Chimera Music Festival, amanhã em São Paulo, além de 50
Cent e Marcelo D2 terá shows do
grupo O Rappa, Rappin" Hood e
Negra Li e Helião.
CHIMERA HIP HOP MUSIC FESTIVAL.
Onde: estádio do Pacaembu (pça.
Charles Miller, s/nš, Pacaembu, SP, tel.0/
xx/11/2162-7250). Quando: amanhã;
abertura dos portões, 15h; shows, a
partir das 17h. Quanto: R$ 60 (arqu.), R$
80 (pista) e R$ 100 (cadeira).
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