|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
crítica
Descuido com repertório tira força de projeto
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Mart'nália deixa
mais claro seu
projeto de fundir o
samba com outras alas da
música negra, em especial a
corrente pop, e nela o soul.
O CD começa bem soul
com a fraca "Alívio" e a boa
tim-maiana "Tava por Aí".
Vai migrando para o samba
numa espécie de degradê: o
sambalanço "Deu Ruim", o
sambossa "Ela É Minha Cara", o samba com percussão
bem carioca "Não Encontro
Quem me Queira".
Ainda há toques de jazz
("Sai Dessa"), África ("Angola") e Bahia ("Alegre Menina"), e o disco termina conceitualmente numa "Don't
Worry, Be Happy!" com cuíca, violoncelo e loops. A intenção é boa, mas o resultado
é constrangedor -na sonoridade, nos detalhes em português e na interpretação.
Ao dar um passo mais forte
na sua louvável busca por
não se prender ao dito samba
tradicional, Mart'nália se
descuidou do repertório. "Pé
do Meu Samba" (2002), com
direção de Caetano, e "Menino do Rio" (2006), produção
de Bethânia, mostravam essa
busca com atenção grande à
qualidade das composições.
Agora, a excelência não chega à metade das faixas.
Os maiores destaques são
mesmo os sambas-sambas:
"Batendo a Porta", um João
Nogueira/Paulo César Pinheiro com o sincopado habitual; "Fé", uma jóia afrocarioca de Jorge Agrião e Evandro Lima; e "Tom Maior", em
que Martinho da Vila ensina
o que é ser carioquíssimo
com balanço universal. Sua
filha conhece esse caminho.
Não há por que se perder.
MADRUGADA
Artista: Mart'nália
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 33, em média
Avaliação: regular
Texto Anterior: Mart'nália celebra o samba-soul Próximo Texto: Crítica/CD e DVD/"Roberto Carlos en Vivo": Roberto Carlos cura feridas viajando e cantando na língua de Cervantes Índice
|