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Coleção Folha traz francês D'Orsay
Museu parisiense exibe obras-primas do impressionismo e famosas telas, como "A Origem do Mundo", de Courbet
Publicação traz história de instituição, construída em antiga estação de trem à beira do rio Sena que quase foi demolida nos anos 70
DA REPORTAGEM LOCAL
Matisse, Van Gogh, Gauguin,
Cézanne, Toulouse-Lautrec:
alguns dos mais importantes
nomes da pintura europeia no
período entre 1848 e 1914 estão
representados no sétimo volume da Coleção Folha Grandes
Museus do Mundo, que chega
às bancas no domingo, e contempla o Museu d'Orsay.
O primeiro encantamento
com a instituição acontece do
lado de fora. Localizado em
uma cidade especialmente conhecida por suas belezas arquitetônicas, o prédio inaugurado
em 1900, por ocasião da Exposição Universal de Paris, é uma
das edificações que mais impressionam os milhões de turistas que anualmente visitam
a capital francesa.
Naquela época, os parisienses ficaram meio assustados
quando a companhia ferroviária, querendo ter um terminal
no centro da cidade, adquiriu
um terreno ao longo do rio Sena, em frente ao jardim das Tulherias. O medo era que um
prédio barulhento e sujo desfigurasse um dos pontos mais
belos da Cidade-Luz.
Contudo, o projeto do arquiteto Victor Laloux para a Gare
d'Orsay permitiu que ela fosse a
primeira estação realmente
moderna de Paris, já que todos
os trens que lá chegavam eram
movidos a tração elétrica. Nada
de locomotivas a vapor, nada de
fumaça, nada de fuligem: com
isso, as arcadas puderam ser
decoradas com estuques, esculturas e motivos florais.
A estação vivia em simbiose
com um luxuoso hotel de 370
quartos, que logo se tornou o
"point" da intelectualidade europeia da época.
O escritor alemão Thomas
Mann, autor de "A Montanha
Mágica", foi um frequentador
do local, e Marcel Proust ambientou ali cenas importantes
de seu monumental romance
"Em Busca do Tempo Perdido".
Prédio quase demolido
Esse inestimável capital simbólico ameaçou se esvair na década de 1970. Naquela época,
pensava-se seriamente em botá-la abaixo, como havia sido
efetivamente demolido todo o
quarteirão dos mercados cobertos de Les Halles.
Houve mobilização da opinião pública contra o projeto de
fazer erigir, no lugar da gare,
um arranha-céu, que abrigaria
um hotel de 850 quartos.
Optou-se, em vez disso, por
preservar o edifício, e fazer funcionar nele um museu, inaugurado em 1986 pelo presidente
François Mitterrand. Desde essa época, cerca de 50 milhões
de pessoas visitaram o local.
Com um percurso ordenado
segundo um critério cronológico que leva em conta sobretudo
correntes estéticas, a visita ao
Museu d'Orsay permite descobrir todo o sistema artístico da
França -e de parte da Europa- da segunda metade do século 19 e do início do século 20,
da arte acadêmica à proposta
dos artistas que se opunham às
hierarquias e aos ensinamentos da Escola das Belas Artes.
Estão lá, assim, quadros que
causaram escândalo em sua
época, como os nus femininos
"Olympia", de Édouard Manet
(1832-1883), e "A Origem do
Mundo", de Gustave Courbet
(1819-1877), bem como o eloquente documento da atividade musical parisiense que é "A
Orquestra de Ópera", de Edgar
Degas (1834-1917).
Há também obras-primas
impressionistas, como "Baile
do Moulin de la Galette", de Renoir (1841-1919).
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