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ANÁLISE
Festival amplia sua programação
AMIR LABAKI
de Nova York
O longa brasileiro "Ação Entre
Amigos", depois da boa repercussão em Veneza-98, abre hoje a 10ª
Mostra Internacional do Filme do
Rio de Janeiro. O evento ganhou
mais cinco dias e estende-se até 1º
de outubro próximo. Para azar dos
paulistanos, como já aconteceu no
ano passado, não haverá uma extensão em São Paulo.
Serão exibidos cerca de 200 títulos de 40 países. A seleção divide-se
em 12 ciclos. A 10ª MostraRio assume-se como uma espécie de festival dos festivais, exibindo um pouco de tudo, de novidades a clássicos, de "cinemão" a experimentais. Pluralismo é a maior qualidade. Indefinição de perfil, o principal defeito.
Um dos destaques é a estréia de
quatro longas brasileiros. Além do
thriller político "Ação entre Amigos", de Beto Brant, serão lançados
"Amor & Cia.", de Helvécio Ratton, "O Toque do Oboé", de Cláudio McDowell, e "O Viajante", de
Paulo César Saraceni.
Dois lançamentos atrasados no
Brasil concentram as atenções no
Panorama do Cinema Mundial.
"Desconstruindo Harry", de
Woody Allen, pousa no Rio exatamente um ano depois de sua estréia em Veneza. Allen acabou de
lançar no festival italiano "Celebrity" (Celebridade), sua corrosiva
comédia sobre a fama. O autobiográfico "Harry" é melhor e mais inventivo.
Há muito tempo Pedro Almodóvar não acertava tanto a mão quanto no romântico policial "Carne
Trêmula", adaptado de Ruth Rendell. Também Angela Molina não
rendia tanto desde os tempos do
velho Buñuel.
O japonês Sabu, de "Postman
Blues" e "Unlucky Monkey", diz a
que veio em Expectativa 98. Midnight Movies traz o segundo documentário de Iara Lee, "Modulations", dessa vez resumindo a história da música tecno. O ultracinéfilo "Billy's Hollywood Screen
Kids", de Tommy O. Haver, é obrigatório para a galera GLS do Mundo Gay.
Filme Documento leva finalmente ao Rio o indispensável retrato de
Bergman dirigido por Gunnar
Bergdahl ("Voices of Bergman").
Um mergulho na pré-história do
melodrama cinematográfico americano, a partir do acervo do MoMA nova-iorquino, torna obrigatório o ciclo Tesouros da Cinemateca.
As duas retrospectivas são de assistir de joelhos. Roberto Rossellini ("Roma, Cidade Aberta") mostra em 19 filmes porque foi o mais
importante cineasta italiano, ponto. Já o indiano Satyajit Ray simplesmente esculpiu em imagens a
Índia contemporânea, em clássicos como "Pather Panchali" e "O
Mundo de Apu". Fã de Kiarostami,
corra para este filho de Renoir.
São quatro os ciclos especiais:
Herança Judaica, Curtas Britânicos, Centenário Eisenstein e Retro
Lygia Pape. São Paulo já conferiu
neste ano que são imperdíveis dois
dos documentários sobre o diretor
de "Outubro": "A Casa do Mestre",
um resumo biográfico assinado
pelo diretor do museu Eisenstein,
Naum Kleiman, e "Eisenstein no
México", o principal documentário já rodado sobre sua frustrada
experiência latino-americana. É
em tudo superior ao preguiçoso e
exoticista "A Fantasia Mexicana de
Eisenstein", filme de montagem
também programado.
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