São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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Realidade abarca vida mais ampla

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Se a pesquisa Ipsos pode levar a conclusões um tanto desoladoras -sugerindo que, no Brasil, a TV domina as crianças-, na prática, o ambiente não é tão rígido assim. Diversidade é o que mais chama a atenção entre crianças e adolescentes entrevistados pela Folha.
Este é o caso de Carolina Kokado, 8, que vai na contramão da pesquisa. Ela gasta, no máximo, duas horas por dia na frente da TV, vendo geralmente desenhos. "Acho chato ficar parada", diz. Já que seu negócio é agilidade, ela não pára. Entre suas atividades prediletas estão brincar de esconde-esconde com amigos do prédio e esportes -aikidô e hóquei.
"Ela desliga a TV por vontade própria. Acho importante que ela tenha contato com outras crianças. Isso faz com que aprenda noções de limites e negociações", diz o fisioterapeuta Arlindo Raimundo de Oliveira, 47, pai de Carolina.
Carolina também faz uma atividade raríssima segundo a pesquisa. Ela lê livros indicados pela escola. "Às vezes, gosto tanto que leio duas vezes o mesmo livro."
Já Renata Mendonça, 10, faz da TV uma parceira inseparável. Ela diz que fica de três a quatro horas por dia vendo novelas e séries. "Minha mãe até reclama que assisto demais, mas acho besteira."
Seu pai, o médico Maurício Mendonça, 45, diz que o hábito é saudável, "dentro de um contexto". "Desde que a criança não deixe de estudar, ver os amigos e fazer esportes, não vejo problemas", diz. "A TV acaba quebrando um galho, serve como uma espécie de "babá eletrônica"."
Se a pesquisa diz que o Brasil é um dos países onde as crianças gastam menos tempo no computador, Fábio Zonta Gutierrez, 17, e Marcos Antônio Pilão Jr., 10, desmentem a tese. O primeiro, além de trabalhar em uma lan house, fica jogando mais seis horas após o expediente. "Chego a gastar até dez horas", diz. O comerciante Eduardo Gutierrez, 47, apóia as atividades do filho. "Ele não fica só jogando. Além de ter feito cursos de computação, quer seguir carreira. É o trabalho do futuro."


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