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Realidade inusitada sugere final infeliz
MAURÍCIO TUFFANI
Editor-assistente de Ciência
Mais por força do roteiro de Philip Eisner do que pela direção de
Paul Anderson, "O Enigma do
Horizonte" retoma com originalidade a forma cinematográfica da
antítese entre os planos físico e
biológico, presente em muitas das
histórias de ficção científica.
A fórmula é quase sempre a mesma: uma abordagem física inicial,
que parece prever com precisão
para onde se vai, é seguida por
uma avassaladora realidade biológica que ninguém sabe de onde
veio e que se impõe com a força de
um verdadeiro final infeliz.
Afinal de contas, mesmo que o
herói da história escape vivo, ele
deixa para trás algumas mortes irrevogáveis.
Assim foi em "Alien, o Oitavo
Passageiro". E, com uma certa
dose de exagero, o mesmo vale para "2001: Uma Odisséia no Espaço", em que a tomada de consciência, isto é, a humanização, por
parte do robô Hal 9000, desencadeia toda a tragédia da missão.
Buracos de vermes
Essa fórmula, no entanto, adquire contornos especiais em "O
Enigma do Horizonte". Logo no
início da missão para resgatar possíveis sobreviventes da nave Event
Horizon, o cientista William Weir
(interpretado por Sam Neil) expõe
como ela pode viajar mais rápido
que a velocidade da luz, de um
ponto a outro do Universo.
A explicação de Weir se baseia
nos "wormholes", ou buracos de
vermes, que seriam túneis que
funcionariam como atalhos entre
pontos distantes do Universo, que
seriam aproximados com a curvatura do espaço exercida pela gravidade da galáxias.
Esses "wormholes" são também chamados de "pontes de
Einstein-Rosen", por terem sido
sugeridos em 1935 por Albert Einstein e Nathan Rosen. Os dois físicos conceberam esses atalhos do
Universo a partir dos princípios da
teoria da relatividade geral.
No plano biológico, o filme tem
o mérito de apresentar uma forma
de existência totalmente diferente
da que compreendemos como vida. Ela é invisível, mas onipresente
e capaz de causar terríveis danos
aos pobres humanos confrontados
com ela. Nela está a fonte de todo o
terror do enredo. Nada de previsíveis monstros horripilantes.
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