São Paulo, sábado, 17 de outubro de 1998

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FESTIVAL DE BRASÍLIA
Filme de Helvécio Ratton encerra a competição
"Amor & Cia." leva Eça de Queiroz para Minas Gerais

JOSÉ GERALDO COUTO
enviado especial a Brasília

A competição do 31º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro termina hoje à noite, com a projeção do longa-metragem "Amor & Cia.", de Helvécio Ratton. A premiação será divulgada amanhã à noite, após a exibição, "hors concours", de "Ação Entre Amigos".
"Amor & Cia." é uma sutil e extremamente bem realizada adaptação da novela "Alves & Cia.", do escritor português Eça de Queiroz.
No filme, a história se passa em Minas Gerais, no final do século 19. A trama básica é muito simples: o comerciante Godofredo Alves (Marco Nanini) descobre que sua mulher, Ludovina (Patrícia Pillar), o trai com seu sócio e melhor amigo, Machado (Alexandre Borges).
Ancorado numa direção de arte magistral (de Clóvis Bueno) e numa fotografia inspirada (de José Tadeu Ribeiro), "Amor & Cia." seduz o espectador, primeiro, por dar vida e pulsação ao ambiente, ao contrário do que ocorre nas cidades cenográficas da TV (o filme foi rodado em São João del Rei).
Mas o que o torna universal e lhe permite dialogar com as platéias de hoje é a fina ambiguidade que o diretor confere a cada um dos personagens e suas relações com os outros.
Todas as ações são mediadas pelo jogo entre o afeto e o interesse material. Com humor e ironia, Helvécio Ratton usa a genialidade de Eça para mostrar como cada um de nós é capaz das paixões mais extremas e da covardia mais vil.



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