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"AS VIRGENS SUICIDAS"
A primeira vez de Sofia Coppola
SÉRGIO DÁVILA
NA FLÓRIDA
Primeiro , dois esclarecimentos: nem todas as suicidas do
título são virgens; e a história não
é baseada em fatos reais, como
você deve ter ouvido falar por aí.
Ao filme, pois. "As Virgens Suicidas", estréia da atriz Sofia Coppola na direção de um longa, é
mais do que uma curiosidade, por
ser ela quem é. É bem-feito, delicado e sensual, que você vê como
se estivesse folheando escondido
o diário de uma adolescente enquanto ela está no banho.
Sofia, 29, dona da boca mais linda de Hollywood, estreou no cinema como o bebê recém-nascido
que está sendo batizado em "O
Poderoso Chefão" (72), obra-prima de seu pai, Francis Ford, que a
chama carinhosamente de "Domino". Debutou na direção com o
curta "Liking the Stars", de 98. É
casada com o diretor Spike Jonze
("Quero Ser John Malkovich").
Aí, fica fácil, dirá você. Com aquele pai e este marido, até eu. Não é
verdade. Talento não é genético
nem contagioso, e os filhos de
Marlon Brando são a prova.
Baseado no romance de Jeffrey
Eugenides, conta a história de
uma família americana de classe
média nos anos 70. Mãe carola e
dominadora (Kathleen Turner,
ótima), pai ausente e banana (James Woods, idem) e cinco filhinhas chegando à adolescência,
lindas, loiras e cheias de amor.
Até que uma delas se suicida no
dia do aniversário. A mãe acha
que a culpa foi dela e fica cada vez
mais opressora. As meninas vão
enlouquecendo aos poucos. Até
que... Tudo é narrado hoje em dia
por Giovanni Ribisi, que fazia
parte da turma de garotos da rua
que idolatrava as meninas.
O filme tem um ar de "Clamor
do Sexo" (61), especialmente no
contraste, que vai ficando cada
vez mais insuportável para a audiência, entre a repressão da mãe
e o sexo latente das adolescentes.
Principalmente da candidata a
musa Kirsten Dunst (a vampirinha encaracolada de "Entrevista
com o Vampiro", de 94).
Lembra também "Tempestade
de Gelo" (97), de Ang Lee, ao retratar o vazio existencial em que
se meteram os americanos depois
que brigaram por todas as causas
e lutaram em todas as guerras.
Talvez esse seja um dos poucos
problemas de "As Virgens Suicidas": lembra muito outros filmes.
Mas há uma inquietude que um
dia pode levar Sofia Coppola a algum lugar perto do pai.
As Virgens Suicidas
Virgen Suicides
Direção: Sofia Coppola
Produção: EUA, 1999
Com: James Woods, Kirsten Dunst
Quando: a partir de hoje no Belas Artes,
Espaço Unibanco e Lumière
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