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RELANÇAMENTOS
Voltam títulos dos anos 70
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto que o titã Charles
Gavin desenvolve na Warner/Continental chega a Tom Zé,
recolocando em circulação, em
dois volumes da série "Dois Momentos", quatro títulos fundamentais do artista nos anos 70.
Para o até há pouco maldito artista, faltam agora somente "Tom
Zé" (70) e "Nave Maria" (84) para
que sua discografia essencial esteja toda reeditada em CD. Os dois
estão em poder da Globo. Os que
chegam agora trazem o que de
mais profundo e conflituoso o autor produziu em carreira errática.
Começa com "Se o Caso É Chorar" (72), em que Tom Zé se utiliza de clichês da canção tradicional
para começar a dar forma nítida a
seu próprio pop, feito de dissonâncias, estranhamentos e poesia
concreta. "A Briga do Edifício Itália com o Hilton Hotel" é a faixa
mais conhecida; "Senhor Cidadão", a mais impressionante.
"Todos os Olhos" (73), o mítico
disco do olho que não era um
olho (e sim a "instação" de uma
bola de gude num ânus), o apanha em momento de alta turbulência, radicalizando o experimentalismo (como vinham fazendo Walter Franco e Caetano).
Saem dali a ferina "Complexo
de Épico" ("todo compositor brasileiro é um complexado", "vai ser
sério assim no inferno"), a delicada "Augusta, Angélica e Consolação" e "O Riso e a Faca" (em que
já reformulava "Jimi Renda-Se",
de 70, agora regravada).
Vem aí "Estudando o Samba"
(75), hoje mais conhecido como o
LP que apaixonou David Byrne.
Era a vez de Tom Zé desconstruir
e acariciar o samba, empregando
mais e mais experimentalismo. A
linguagem é desmontada em faixas mínimas de nomes mínimos
("Tô", "Hein?" "Toc", "Se",
"Mã"...); "A Felicidade", de Tom e
Vinicius, vira uma tristeza só.
Enfim, em "Correio da Estação
do Brás" (78), Tom Zé arrefece
(mas não muito) o estranhamento, quase brincando de pop na
nordestina "Morena", no samba
"Lá Vem Cuíca", no épico da faixa-título, na caipira "Amor de Estrada". Dê-lhe linguagem.
(PAS)
Série Dois Momentos
Artista: Tom Zé
Lançamento: Continental
Quanto: R$ 20, em média, cada CD
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