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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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IMPRENSA

Instituição lança primeira publicação de banca, com textos de historiadores de renome sobre o passado do Brasil

Biblioteca Nacional passa história do país em revista

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com 193 anos, a Biblioteca Nacional vive amanhã uma tarde de debutante. A instituição cultural mais antiga do país lança em sua sede, no Rio, a primeira publicação "de massa" de sua história. De sua história e da nossa também.
Batizada de "Nossa História", a primeira revista vendida em bancas da Biblioteca Nacional é também pioneira em seu gênero. Pela primeira vez o público não acadêmico nacional terá uma publicação mensal de qualidade só sobre a história brasileira.
Como "âncoras" dessa qualidade, a revista tem em seu conselho editorial alguns dos principais historiadores do país, entre eles Evaldo Cabral de Mello, José Murilo de Carvalho, Laura de Mello e Souza, Ronaldo Vainfas e Lilia Moritz Schwarcz.
O "dream team" foi reunido pelo idealizador do projeto, Pedro Corrêa do Lago, presidente da Fundação Biblioteca Nacional desde o começo do ano.
Os "conselheiros" da revista não cederam apenas as grifes. O primeiro número tem como ensaio de capa um texto de Vainfas, sobre "Sexo e Transgressão nos Tempos Coloniais", um artigo de Murilo de Carvalho, uma entrevista com Cabral de Mello.
Corrêa do Lago também não ficou só no expediente. "Fiz de tudo. Revisei artigos, adicionei informações que achei importantes, sugeri iconografia", conta.
As ilustrações, aliás, são um dos "xodós" da revista. Com projeto gráfico do premiado Victor Burton, a publicação trabalha com a preciosa iconografia do acervo da própria Biblioteca Nacional.
O primeiro número tem, por exemplo, a reprodução do decreto sancionado pela princesa Isabel que estabelece: "É declarada extinta, desde a data desta lei, a escravidão no Brasil".
Professor de história da Universidade Federal Fluminense, o editor da revista, Luciano Figueiredo, diz que essa seção, que discute um documento do acervo da BN, será fixa, assim como os segmentos "Quem", artigo sobre um personagem da história (no caso dom João 6º), "Olhares", análise de alguma obra de arte (desta vez "A Primeira Missa", de Vitor Meirelles, por Jorge Coli) e "Letras e Escritas", sobre literatura.
Todos os números da "Nossa História" também trazem uma entrevista com um historiador de peso, uma agenda dos eventos do mês e uma área de variedades, "Almanaque", que tem como destaque o jogo "Decifre se For Capaz", em que o leitor é desafiado a entender a caligrafia de algum manuscrito antigo.
Colecionador de revistas de história de outros países há mais de 15 anos, Figueiredo afirma que vê como modelo internacional mais próximo da publicação da Biblioteca Nacional a revista "History", da rede de TV inglesa BBC.
Assim como ela, "Nossa História" é feita por historiadores, mas flerta com a linguagem jornalística ou híbrida dos dois, como nos trabalhos de Eduardo Bueno (que assina um artigo na revista).
"O sucesso de Bueno foi uma das provas para nós que existe no país um público razoável interessado na história brasileira", expressa Corrêa do Lago.
O dirigente aposta em um público em torno de 50 mil, tiragem inicial de "Nossa História", que será distribuída no país inteiro. "O objetivo do projeto é colaborar para que a Biblioteca reassuma seu papel no cenário cultural de todo o país", completa.
Para Evaldo Cabral de Mello, essa atuação da revista deverá ser decisiva para combater "a amnésia que o Brasil sofre de seu passado". "Esperamos que desperte o brasileiro da letargia histórica na qual está metido", afirma.


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