São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2004

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"ANIMATION NOW!"

Parceria do Anima Mundi com Taschen traz DVD

Livro reúne o melhor da animação mundial

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quais foram as obras e os autores mais significativos da animação mundial dos últimos dez anos? Para responder a essa pergunta, a editora alemã Taschen apontou os brasileiros do Festival Anima Mundi, que, nesse mesmo período, trouxe ao país o melhor do que foi produzido lá fora, fortalecendo o cenário aqui dentro.
O resultado da parceria é "Animation Now!", um tijolão de 576 páginas que, ao longo de 85 verbetes e 1.300 imagens, destrincha o currículo de produtoras como Pixar, Aardman, DreamWorks e Folimage e produtores como Bill Plympton, Hayao Miyazaki e Alexander Petrov. Um DVD de 150 minutos ajuda a ilustrar a obra.
Entre os brasileiros contemplados estão Arnaldo Galvão (do premiado "Almas em Chamas"), Otto Guerra (de "Wood & Stock", em processo de finalização), Walbercy Ribas ("O Grilo Feliz") e os estúdios publicitários Trattoria di Frame e Vetor Zero.
A intenção original do projeto, conta César Coelho, 45, um dos diretores do festival juntamente com Marcos Magalhães, Léa Zagury e Aida Queiroz, era fazer um livro que não fosse técnico demais. A idéia, turbinada pela reputação que acompanha a Taschen, era fazer um livro "de arte".
"A gente queria elevar a animação, confirmar seu status de uma arte contemporaníssima e cada vez mais pulsante na sociedade", afirma Coelho. "Houve uma polêmica grande pelo fato de termos incluído nas sessões competitivas alguns filmes comerciais. Isso é muito discutível. Não quer dizer que algo que foi executado sob encomenda não seja arte. Se fosse assim, Michelangelo não seria artista, seria um prestador de serviços", questiona.
Já o barateamento dos meios de produção digitais nem sempre garante ao produto final o carimbo de arte. "Imagina-se que a computação está dominando o mercado e vá excluir as outras técnicas de animação. Esse é um primeiro deslumbramento, mas é tendência que passa. Animação digital é também a técnica mais fácil de fazer um filme ruim", diz o diretor, um dos fundadores da produtora carioca Campo 4.
O principal fator para figurar entre os verbetes de "Animation Now!" foi já ter participado do Anima Mundi. O que não foi exatamente um problema, considerando que, desde a sua edição inicial, em 93, já passaram pelo festival gente como David Silverman ("Os Simpsons"), Eric Darnell ("FormiguinhaZ"), Peter Lord ("A Fuga das Galinhas"), Doug Sweetland ("Procurando Nemo"), entre outros não menos importantes, mas talvez menos conhecidos por seus feitos.
"Fora do universo de Hollywood, existe uma quantidade imensa de trabalhos autorais na animação. Em muitos casos o autor faz praticamente tudo sozinho, com uma simplicidade artesanal e nem se preocupa com o público", diz Coelho, destacando o trabalho de estonianos, russos e, claro, brasileiros. "Animação não é mais só coisa do Canadá, dos EUA, da Inglaterra. Ela se espalhou pelo mundo, e isso ainda não está devidamente registrado."


ANIMATION NOW! Autores: Aida Queiroz, César Coelho, Léa Zagury e Marcos Magalhães. Editora: Taschen. Quanto: R$ 135, versão em português, espanhol e italiano (576 págs.).


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