JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Os embates entre os goles do Velho e do Novo Mundo continuam agitando (e deliciando) o reino de Baco. O primeiro deles teve lugar durante a histórica degustação que confrontou em 1976, na Academie du Vin, em Paris, um painel de chardonnays e cabernets californianos com grandes brancos da Borgonha e tintos de Bordeaux -como Mouton e Latour. No evento, organizado pelo jornalista inglês Steven Spurrier, os exemplares norte-americanos venceram, em ambas as alas, os gigantes gauleses.
Uma das últimas provas desse tipo teve lugar em janeiro de 2004, no hotel Ritz-Carlton, em Berlim, por iniciativa de Eduardo Chadwick, proprietário no Chile da Viña Errazuriz, que elabora três cabernets de ponta do país: Seña, Don Maximiano e Viñedo Chadwick. Spurrier novamente comandou.
Na Alemanha, os tintos de Chadwick foram comparados com rubros bordeleses e também com outros da elite italiana, como Sassicaia e Solaia. O júri colocou de novo no pódio os vinhos das terras americanas: o Chadwick 2000 em primeiro lugar, Seña 2001 em segundo e o francês Chateâu Lafite em terceiro.
No dia 7 de novembro passado, Eduardo Chadwick, mais uma vez ao lado de Spurrier, repetiu a dose, agora no Empório Santa Maria, em São Paulo. A prova, para jornalistas, bem organizada, reuniu garrafas de Seña e Viñedo Chadwick (safras 2000 e 2001) e Don Maximiano (2001) junto a três Bordeaux (Margaux e Latour 2001 e Lafite 2000) e dois supertoscanos 2000 (Sassicaia e Guado al Tasso).
Mas, se do outro lado do Atlântico a platéia laureou os chilenos, deste lado, os jurados preferiram os franceses.
A estrela foi o Margaux (estupendo, de paladar amplo, com toques defumados e fruta bem definida, R$ 1.190), seguido do Latour (sedoso, longo, complexo e equilibrado, R$ 1.980) e do Chadwick 2000 (rico, mesclando geléias e leve eucalipto, R$ 328).
O resto dos chilenos ficou no meio, mas à frente dos (renomados) lanternas: o Lafite (R$ 2.890) e o Sassicaia (R$ 680, todos os vinhos à venda na Expand, tel. 0/xx/11/4613-3333).
Chadwick não levou o cetro para casa, mas fez o seu ponto: mostrou que seus vinhos estão (literalmente) entre os grandes do planeta e têm a melhor relação custo-benefício.


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