São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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CDs

Erudito
J.S. Bach - 6 Suítes para Violoncelo Solo

    
YO-YO MA
Gravadora: Sony/BMG; Quanto: R$ 59, em média
Como enfrentar a bíblia de um instrumento, uma vez que monstros como Pablo Casals, Mstislav Rostropovich e Pierre Fournier já deixaram registros canônicos? O sino-americano Yo-Yo Ma optou por uma interpretação romântica das suítes para violoncelo do mestre alemão. Neste relançamento, ouve-se um Bach menos acadêmico, mas não menos meditativo, entre o langor e a excitação. Em vez de se curvar às páginas, Ma as cumprimenta e imprime uma declaração de amor ao mais denso dos instrumentos de cordas.
POR QUE OUVIR: A compreensão de Johann Sebastian Bach (1685-1750) sobre a música de seu tempo o permitiu transformar as frívolas danças palacianas, como o minueto e a sarabanda, em poemas esculpidos na solidão da madeira. (MÁRVIO DOS ANJOS)

Samba
Marcelinho Pão e Vinho

   
MARCELINHO MOREIRA
Gravadora:
MZA; Quanto: R$ 25, em média Jovem que chegou rapidamente ao primeiro time dos percussionistas brasileiros, Marcelinho Moreira estréia como cantor apadrinhado por Martinho da Vila, produtor do CD. Sua voz, com mais balanço do que firmeza, se sai melhor em partidos-altos como "Nego Juca" (Zeca Pagodinho/Arlindo Cruz) do que em sambas-canção como "Acontece" (Cartola). Entre os bons momentos, estão "Rumo dos Ventos" (Paulinho da Viola), "Cachaça Não se Toma a Toda Vez" (Mauro Diniz/Cláudio Jorge) e "Lalauê" (Paulinho Mocidade/Martinho da Vila). Os ótimos partidos "Me Joga na Brincadeira" (parceria com Sombrinha) e "Batuqueiro" (com Arlindo Cruz e Fred Camacho) indicam que ele deve apostar mais no seu lado compositor.
POR QUE OUVIR: A reunião de craques da percussão promove ótimos jogos rítmicos. (LUIZ FERNANDO VIANNA)

Rock
Still the Same
    
ROD STEWART
Gravadora:
Sony/BMG; Quanto: R$ 35, em média
Depois de uma série de álbuns dedicados ao cancioneiro de standards americanos (de qualidade oscilante, mas de retorno financeiro formidável), "Rod the Mod" volta ao seu ambiente roqueiro e empenha sua voz marcante em pérolas do gênero. Tem o mérito de não recorrer ao óbvio do classic rock: pega um Pretenders aqui, um Bob Dylan ali ("If Not for You") e resgata a linda e rústica "Fooled Around and Fell in Love", de Elvin Bishop. É um belo disco, mas peca por querer agradar aos ouvidos afeitos ao easy-listening -talvez o público mais fiel a Rod hoje. Arranjos superproduzidos, excesso de cordas e compostura deixam o álbum "classudo" demais, com pouco rock entregue no fim. Em se tratando de Rod Stewart, é triste.
POR QUE OUVIR: As interpretações de "Have You Ever Seen the Rain", do Creedence Clearwater Revival, e "Crazy Love", de Van Morrison, valem o disco. (MDA)

Eletrônica/ hip hop
The Audie nce's Listening
  
CUT CHEMIST
Gravadora:
Warner; Quanto: R$ 35, em média
Cut Chemist é daqueles DJs com técnica apuradíssima, velozes, que fazem scratches certeiros e vão despejando e cortando faixas a um ritmo alucinante. Vê-lo ao vivo (ele se apresentou no Tim Festival do ano passado) é divertido; em disco, nem tanto. Cut Chemist era integrante do cultuado Jurassic 5 e, neste álbum, faz colagens de elementos de free jazz e rap underground -há até percussão e berimbau em "The Garden", com sample de Astrud Gilberto, e participação de Tom Zé em "A Peak in Time". O problema é que a maioria das músicas parece funcionar mais como instrumento para o produtor mostrar suas habilidades do que para seduzir sua audiência. E quando esse tipo de coisa não vem em show (ou DVD), cansa.
POR QUE OUVIR: Algumas faixas são coesas e divertidas, como "What's the Altitude" e "Big Break". (THIAGO NEY)


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