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"IMAGEM E IDENTIDADE"
Exposição apresenta o retrato oficial do Brasil
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
"Imagem e Identidade" traz a
São Paulo nossa arte de origem cortesã. A seleção de 131
obras do Museu Nacional de Belas Artes revisita os fundamentos
da produção brasileira implantada pela única monarquia européia na América.
Os Orleans e Bragança criaram
no Rio de Janeiro uma corte tropical. Trouxeram o costume de dominar a produção de imagens como parte do exercício do poder.
Assim, trataram de criar um centro de difusão estilística, de forma
a dar treinamento até mesmo às
oposições.
A chegada da Missão Francesa
em 1816 e a resultante Academia
de Belas Artes foram nossas bases
de construção da imagem oficial.
Desde 1937, o complexo educacional passou a exibir o acervo de
modo permanente, fundando o
Museu Nacional de Belas Artes.
A curadoria ordena-se em sete
núcleos. Os dois principais mostram obras locais, e os cinco menores, coleções temáticas: pintores viajantes, Franz Post, pinturas
holandesas e flamengas, barroco e
maneirismo italiano, Boudin e o
impressionismo.
Imagens consagradas
Vários clássicos dominam o salão. A "Primeira Missa no Brasil"
(1860), de Vítor Meireles, viria a se
tornar um ícone pop. Tal como o
Pão-de-Açúcar e o Corcovado,
presentes desde um retrato de D.
João 5º, feito em 1817 por Debret,
até a vista sobre a Guanabara tomada da praia de Icaraí em 1872,
por Vinet.
As peladas marcam presença
em grande formato no gênero alegoria. A "Noite" (1883), de Pedro
Américo, voa em négligé de renda
preta contra a lua cheia.
Rodrigues de Sá mostra a contemporaneidade na construção
da história pela arte.
No "Retrato do Marquês de
Inhampube", de 1825, o modelo
empunha manuscrito da Constituição do Império, imposta conforme as ordens de dom Pedro 1º
dois anos antes.
Modernismo
O estilo acadêmico corre paralelo ao de Paris. A "Messalina"
(1878-86) mostra um Henrique
Bernardelli envolto na exploração
dos contrastes cromáticos lançada com Delacroix. O realismo
emerge tímido no retrato do tipo
social. É o "Intrépido Marinheiro
Simão, Carvoeiro do Vapor Pernambucana", por José Correia Lima. O impressionismo modifica
completamente a pincelada de
Belmiro de Almeida entre os "Arrufos", de 1887, e os "Efeitos do
Sol", de 1892.
O simbolismo reveste-se de mitos nacionais: a "Moema" (1895),
de Rodolfo Bernardelli, faz o cadáver de bronze confundir-se
com a água encrespada.
A incorporação ao acervo de
modernistas marca a tomada de
poder pelo grupo ligado à Semana
de 22 desde 1931. O "Auto-retrato" (1923), de Tarsila do Amaral, o
"Café" (1935), de Cândido Portinari, e a "Lea e Maura" (1940), de
Guignard, são ícones de nossa
modernidade.
O percurso encerra-se com abstração construtiva. A "Escultura
Neo-concreta" (1960), de Amílcar
de Castro, dialoga com a "Torre"
(1958), de Franz Weissmann. A
coleção representa a imagem que
o Estado brasileiro preserva de
nossa história da arte.
Imagem e Identidade: um Olhar
sobre a História
Onde: Instituto Cultural Banco Santos
(r.Hungria, 1.100, Jardim Europa, SP, tel.
0/xx/11/3818.9591) Quando: de ter. a sex., das 10 às 18h;
sáb. e dom., das 10h às 17h; até 2/3 Quanto: entrada franca
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