São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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"IMAGEM E IDENTIDADE"

Exposição apresenta o retrato oficial do Brasil

FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA

"Imagem e Identidade" traz a São Paulo nossa arte de origem cortesã. A seleção de 131 obras do Museu Nacional de Belas Artes revisita os fundamentos da produção brasileira implantada pela única monarquia européia na América.
Os Orleans e Bragança criaram no Rio de Janeiro uma corte tropical. Trouxeram o costume de dominar a produção de imagens como parte do exercício do poder. Assim, trataram de criar um centro de difusão estilística, de forma a dar treinamento até mesmo às oposições.
A chegada da Missão Francesa em 1816 e a resultante Academia de Belas Artes foram nossas bases de construção da imagem oficial. Desde 1937, o complexo educacional passou a exibir o acervo de modo permanente, fundando o Museu Nacional de Belas Artes.
A curadoria ordena-se em sete núcleos. Os dois principais mostram obras locais, e os cinco menores, coleções temáticas: pintores viajantes, Franz Post, pinturas holandesas e flamengas, barroco e maneirismo italiano, Boudin e o impressionismo.

Imagens consagradas
Vários clássicos dominam o salão. A "Primeira Missa no Brasil" (1860), de Vítor Meireles, viria a se tornar um ícone pop. Tal como o Pão-de-Açúcar e o Corcovado, presentes desde um retrato de D. João 5º, feito em 1817 por Debret, até a vista sobre a Guanabara tomada da praia de Icaraí em 1872, por Vinet.
As peladas marcam presença em grande formato no gênero alegoria. A "Noite" (1883), de Pedro Américo, voa em négligé de renda preta contra a lua cheia.
Rodrigues de Sá mostra a contemporaneidade na construção da história pela arte.
No "Retrato do Marquês de Inhampube", de 1825, o modelo empunha manuscrito da Constituição do Império, imposta conforme as ordens de dom Pedro 1º dois anos antes.

Modernismo
O estilo acadêmico corre paralelo ao de Paris. A "Messalina" (1878-86) mostra um Henrique Bernardelli envolto na exploração dos contrastes cromáticos lançada com Delacroix. O realismo emerge tímido no retrato do tipo social. É o "Intrépido Marinheiro Simão, Carvoeiro do Vapor Pernambucana", por José Correia Lima. O impressionismo modifica completamente a pincelada de Belmiro de Almeida entre os "Arrufos", de 1887, e os "Efeitos do Sol", de 1892.
O simbolismo reveste-se de mitos nacionais: a "Moema" (1895), de Rodolfo Bernardelli, faz o cadáver de bronze confundir-se com a água encrespada.
A incorporação ao acervo de modernistas marca a tomada de poder pelo grupo ligado à Semana de 22 desde 1931. O "Auto-retrato" (1923), de Tarsila do Amaral, o "Café" (1935), de Cândido Portinari, e a "Lea e Maura" (1940), de Guignard, são ícones de nossa modernidade.
O percurso encerra-se com abstração construtiva. A "Escultura Neo-concreta" (1960), de Amílcar de Castro, dialoga com a "Torre" (1958), de Franz Weissmann. A coleção representa a imagem que o Estado brasileiro preserva de nossa história da arte.


Imagem e Identidade: um Olhar sobre a História
    
Onde: Instituto Cultural Banco Santos (r.Hungria, 1.100, Jardim Europa, SP, tel. 0/xx/11/3818.9591) Quando: de ter. a sex., das 10 às 18h; sáb. e dom., das 10h às 17h; até 2/3 Quanto: entrada franca



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