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LIVRO/LANÇAMENTO
"Dicionário Sesc" reúne 2.500 verbetes usados na linguagem dos variados ramos culturais
Dicionário constrói labirinto da cultura
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tudo o que é da cultura cabe
em algum lugar entre os termos
"aba" e "zoomorfismo". São estes
o primeiro e o último verbetes de
uma das obras mais ambiciosas já
feitas no país sobre a linguagem
usada na literatura, arquitetura,
cinema, teatro, dança e nas artes
de outras musas.
Lançado na semana passada, o
"Dicionário Sesc - A Linguagem
da Cultura" procura dar conta do
recado em 2.500 termos, compilados em um volume de pouco menos do que 800 páginas.
Cada um desses verbetes, de
"acrópole" a "zarzuela", de
"baião" a "xilogravura", de "Dogma 95" a "vilancete" (ou seja: "Na
época do trovadorismo galaico-português, constituiu uma forma
poético-musical...") foram redigidos por um homem só.
Newton Cunha, 54, é o realizador desse trabalho quixotesco. Funcionário do Sesc desde 1972, o pesquisador passou os últimos oito anos
redigindo o dicionário, que ele
mesmo inventou de fazer.
"No Sesc lidamos com as mais
variadas formas de expressões artísticas. Em 1994 tive a percepção
da necessidade de dominar melhor seus universos conceituais."
Com carta branca do diretor regional do Sesc-SP, Danilo Santos
de Miranda, Cunha trabalhou
desde então full time no seu "thesaurus".
O pesquisador, que tinha seu
único livro publicado sobre sociologia do lazer, tema que estudou
na Sorbonne, dividiu sua obra em
dois tipos de verbetes: os termos
compreensivos ("expressões historicamente delimitadas", como
arte medieval, renascimento, surrealismo...) e os explicativos ("palavras de conhecimento técnico").
Todo esse manancial foi reunido em um só volume. "Queria
mostrar de uma vez só o labirinto
que as artes proporcionam", diz.
Publicado pela editora Perspectiva, com supervisão do tarimbado Jacó Guinsburg, o livro teve
colaborações de nove pesquisadores. Cássia Navas (dança), Dilmar Miranda (música), Ismail
Xavier e Leandro Saraiva (cinema), Katia Canton (artes), Maria
Isabel Villac (arquitetura), Nelly
Novaes Coelho (literatura) e Silvana Garcia e Fátima Saadi (teatro) fizeram um verbete cada sobre a situação de cada uma dessas
artes no Brasil do final do milênio.
Obra de amplitude invejável, o
dicionário tem lacunas, como era
de esperar. Tem verbete para Escola de Utrecht e de Fontainebleau, mas não Escola de Frankfurt. Falta pirataria, bebop, Semana de 22, palco italiano, jongo etc.
"Se pusesse tudo não acabaria
nunca", brinca Cunha.
DICIONÁRIO SESC. Autor: Newton
Cunha. Editoras: Perspectiva e Sesc
Paulista. Quanto: R$ 130 (780 págs.)
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