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Crítica
Filme sobre Beatles mantém modernidade
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
De Mary Quant aos Beatles,
os anos 60 britânicos espantaram o mundo. Aquele povo
conservador, ocupado basicamente em não se atrasar para o
chá das cinco, mostrava-se ao
mundo um tanto diferente do
que se imaginava.
Até o cinema se espertou, como provam os primeiros filmes
de Jack Clayton ou, mais tarde,
"If", de Lindsay Anderson. O
encontro entre os Beatles e Richard Lester foi especialmente
feliz, como se poderá constatar
vendo "Os Reis do Iê-Iê-Iê"
(Telecine Cult, 16h25), o primeiro filme que fizeram em
conjunto, em 1964.
Começa que o filme aproveita a então nascente e vigorosa
celebridade do conjunto para
evitar ter um roteiro de verdade. Pode ser definido como do
gênero "um dia na vida de". No
caso, é uma maneira de evitar
um enredo, que sofreria de artificialismo crônico, e confiar
tanto no carisma do conjunto
quanto na capacidade de Lester de captá-lo. Daí um filme
que pode parecer às vezes um
documentário, às vezes um inventor do videoclipe, mas que
nunca descuida do andamento,
isto é, da modernidade.
Quer o acaso que, ainda hoje,
o Canal Brasil exiba "Os Trapalhões e a Árvore da Juventude" (18h35), filme de 1991 dirigido por José Alvarenga Jr.
Ele é um dos artesãos que usaram com mais desenvoltura o
conjunto cômico. No entanto,
não resolveu problemas crônicos dos Trapalhões: histórias
tolas, que atravancam o filme, e
a perda da espontaneidade.
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