Novos álbuns de Dr. Dre, Too $hort e o póstumo de Notorious B.I.G mantêm na ordem do dia a principal corrente do rap americano dos anos 90

DR. DRE

PAULO VIEIRA
especial para a Folha


Dr. Dre significa para a música negra o mesmo que significou Berry Gordy, o inventor da Motown, a gravadora que moldou o pop qual o conhecemos. Nascido Andre Young, Dre co-inventou o gangsta-rap e inventou o G-Funk, tornando o rap verdadeiramente mainstream e dando combustível para a guerra mercadológica com o hardcore da Costa Leste.
A idéia Dre chupou mesmo da Motown: montar em Los Angeles um time de escritores e produtores e jamais "emprestar" artistas para a concorrência. Surge assim o mais memorável selo de rap da história, a Death Row. Ouviu falar em 2Pac e Snoopy Dogg?
Enquanto assistia à ascensão de P, Z e Puffy, lançou com discrição e nenhum dinheiro sua própria gravadora, a Aftermath.
O jogo começou a virar, em 99, quando a Aftermath colocou em cena o blockbuster branco Eminem, ajudado por falsas tinturas raciais.
"Chronic 2001", seu último disco, alude ao fundador e fundamental "The Chronic", em que Dre dava voz pela primeira vez a Snoop Dogg. Se jamais terá importância daquele, ao menos delimita terreno. Dre exercita a egolatria num mercado muito mais competitivo do que aquele do começo da década, que dominava.
Autopropaganda à parte, o dedo do melhor produtor de hip hop nunca erra. Com samples preciosos -e mais anônimos- e contando agora com instrumentos (baixo e um teclado Korg), ele lega 22 faixas acima da média.
Eminem, Snoopy, a surpresa Hitman e Mary J. Blige dividem "2001", que Dre abre com "The Watcher", carta-testamento em que reclama dos "melhores amigos" e do "dinheiro" que perdeu. Mas nem tudo são queixas. "Still" cita seu zapp, Eminem: "Mantenho minha antena nas ruas/ Assinei Eminem/ Ele é platina tripla/ Vende 50 (mil) por semana/ Ainda estou perto da chama." Oh, yeah, definetly, nigga.

Avaliação:    

Onde encontrar: Fnac (0/xx/11/867-0022) por R$ 42,90; www.amazon.com por US$ 13,28 (mais frete)