São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 2001 |
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RELÂMPAGOS Ação JOÃO GILBERTO NOLL Uma mulher sentada no degrau. O guarda lhe fala que ali não pode ficar. "Por que, seu guarda, se estou tão bem aqui?" O guarda diz: "Assim é". "Assim é o quê, seu guarda: o "não poder ficar" ou o "estar tão bem aqui'?" Ele põe os óculos escuros e se detém, como se descobrindo algum interesse na irrelevância do ar. Aí repete com certo balanço, quase, quase começando uma canção: "Assim é e é". Ela se debruça sobre as próprias pernas, não indicando exatamente recolhimento, mas uma espécie de coreografia que lhe permita a abstenção diante do esgarçado desenho da cena. Então os dois corpos param, fixos, coagulados pelo sol do "dia mais quente do ano" -como berra a manchete com a foto do moleque todo perolado banhando-se no chafariz. Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Música: Legião Urbana é a banda extinta mais ativa do país Índice |
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