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CINEMA
Interpretações femininas fortes, como de Nicole Kidman e Christina Ricci, são destaques da edição deste ano do festival
Sundance, 20, se entrega às mulheres
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A PARK CITY (UTAH)
Aos 20 anos, Sundance se rende
às mulheres. O festival de cinema,
que acontece até este domingo em
Park City (Estado de Utah), foi invadido por interpretações femininas fortes, tanto na mostra dramática (competitiva) quanto nas
premières exclusivas.
Lidera a última categoria Nicole
Kidman, na pele de uma mulher
russa de aluguel em "Birthday
Girl". O filme é bom, dirigido pelo
dramaturgo Jez Butterworth, em
seu segundo longa-metragem.
Mas se perde um pouco no final,
ao concluir a história do inglês reprimido e sem horizontes (Ben
Chaplin) que encomenda uma
companheira pela internet (a própria), que vai se revelar diferente
do que ele esperava.
Nicole Kidman, no entanto,
conseguiu de novo. Pela terceira
vez consecutiva nos últimos meses. Seja como a loura gélida e
hitchcockiana de "Os Outros" e a
dançarina sexy e tuberculosa de
"Moulin Rouge" (um dos dois deve valer sua indicação ao Oscar),
seja agora como a russa Nadia.
Detalhe: ela está morena.
Detalhe 2: ela fala a primeira palavra em inglês só na metade do
filme (exatamente "birthday",
aniversário, o dela, a personagem,
no caso). Detalhe 3: ela aparece
nua de novo, o que faz a platéia
masculina pensar em Tom Cruise, e não de uma maneira exatamente elogiosa.
Rachel apanha
Outra que literalmente parou as
ruas da gelada e nevada Park City
foi Jennifer Aniston, a Rachel de
"Friends". A atriz veio a Sundance
com o marido, Brad Pitt, para a
estréia mundial de seu "The Good
Girl". A princípio, ninguém levou
a sério, não por acaso: sua carreira
cinematográfica até agora não a
recomenda.
Mas não é que a menina está
muito bem no papel de Justine,
uma texana vendedora de supermercado que quer mudar de vida
e apanha do marido? Parte da culpa é do diretor Miguel Arteta. O
porto-riquenho é um nome a ser
descoberto pelos brasileiros.
Dirigiu o esquisito longa
"Chuck & Buck", vira e mexe comanda episódios de uma das melhores séries em cartaz na TV
americana, "Six Feet Under", e
ajudou a criar com Scorsese a
morta (e ótima) sitcom "Freaks
and Geeks". Em suas mãos, a esquemática e estigmatizada Rachel
virou mulher de verdade.
"Essa imagem que tenho de boa
moça é um fardo que eu carrego",
disse Jennifer Aniston em entrevista coletiva. "Além de ser frustrante, enche o saco."
Fecha o pacote a caçula Christina Ricci. Uma das atrizes mais
consistentes de sua geração, ela é
mais lembrada como a Wednesday de "A Família Adams". Pois
aparece aqui em "Pumpkin", em
que atua e também produz (ao lado de não outro que Francis Ford
Coppola). O filme é sério, bom e
um dos fortes candidatos ao prêmio dramático.
Em entrevista, a precoce atriz de
21 anos deu um cala-a-boca na inconsequência da galera MTV formada por suas colegas de mesma
idade: "As atrizes têm de começar
a levar as coisas mais a sério. Não
dá mais para se desculpar ao fazer
qualquer filme dizendo: "Só faço
isso para ganhar dinheiro, não
conta nada'".
Por fim, ainda na linha "o que
querem as mulheres", vale destacar "Blue Car", um delicado drama exibido na mostra não-competitiva American Spectrum, que
revela a atriz Agnes Bruckner, 16,
como uma adolescente em busca
de identidade. Agnes Bruckner.
Guarde este nome. Pode ser a próxima Nicole Kidman.
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