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POLÍTICA CULTURAL
Em encontro entre cineastas e Marluce Dias da Silva (diretora-geral) cogitou-se até fomento para novelas
Globo quer incentivo estatal para produzir
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em encontro com cineastas, a
diretora-geral da Globo, Marluce
Dias da Silva, defendeu que a TV
receba incentivo do governo para
produzir "conteúdo nacional".
A declaração foi dada nos dois
almoços que a emissora realizou
para receber um grupo de mais de
30 representantes da indústria cinematográfica nacional, nos últimos dias 5 e 6, no Projac (central
de estúdios da Globo, no Rio). A
recepção durou mais de dez horas
e incluiu até visita à cidade cenográfica da novela "Celebridade".
Por trás do clima cortês, o convescote teve por objetivo angariar
apoio da classe em duas das principais empreitadas políticas da
Globo: 1) evitar que o governo
obrigue as TVs a exibir cotas mínimas de programação regional e
produção independente; 2) impedir a taxação da TV para fomento
da indústria cinematográfica.
Esses dois "fantasmas" que assombram a Globo estão sendo debatidos pelo governo federal. Poderiam vir à tona na transformação da Ancine (Agência Nacional
do Cinema) em Ancinav (do Audiovisual, incluindo as TVs).
Para organizar os almoços,
Marluce contou com a assessoria
do veterano Roberto Farias,
membro do recém-criado Conselho Superior de Cinema (acima da
Ancine) e pai de Maurício Farias,
diretor da série global "A Grande
Família". Para parte do setor, a
Globo defenderá seu nome para a
presidência da futura Ancinav.
Quando Marluce defendeu leis
de incentivo para que as TVs produzam "conteúdo nacional", Farias disse achar justo fomento até
para telenovelas. Farias e Marluce
dividiram os cerca de 30 cineastas
em dois grupos. Estavam presentes Luiz Carlos Barreto, Cacá Diegues, Sandra Werneck, Lucy Barreto, Walter Lima Jr., Alain Fresnot, Paula Lavigne, Diler Trindade, Hugo Carvana, Gustavo Dahl,
Aníbal Massaíni, entre outros.
Eles chegaram ao Projac por
volta das 10h. Após um "tour" por
estúdios, foi servido um almoço.
Das 15h30 às 20h30, aconteceu a
reunião com Marluce.
A diretora-geral fez uma longa
exposição sobre os investimentos
da emissora em produção nacional. Dentre os exemplos, citou a
parceria com a produtora O2, de
Fernando Meirelles ("Cidade de
Deus"), para a série "Cidade dos
Homens". Várias vezes falou em
"defesa do conteúdo nacional",
afirmou que a Globo faz isso por
idealismo, amor ao país. Disse
que o Canal Brasil (do qual é sócia) está "no vermelho", mas continuará no ar por exibir produções brasileiras. Tentou convencer o grupo de que a Globo está
aberta à produção independente.
"Falem com o Cadu", repetia, referindo-se a Carlos Eduardo Rodrigues, diretor da Globo Filmes.
Marluce também disse estar
disposta a criar uma campanha
"Vá ao Cinema". O tempo todo,
fugiu de polêmicas e evitou que a
conversa ganhasse ar de debate.
Quando Barreto tentou defender
as cotas, ela afirmou que a ocasião
não era apropriada para essa discussão. A Folha conversou com
convidados e excluídos dos dois
almoços da Globo e ninguém quis
ser identificado. Há os que se animaram com a aproximação com
a emissora e os que desconfiam de
que seja apenas uma maneira de
tentar barrar a Ancinav.
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