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Raimundos apela para downloads
DA REPORTAGEM LOCAL
Era uma vez o Raimundos. Ao
mesmo tempo em que procuram
enterrar um passado recente nada
glorioso, repleto de brigas com a
gravadora e entre seus próprios
integrantes, Fred e Digão, a metade que restou do quarteto formado há quase 15 anos em Brasília,
tenta esboçar uma nova história.
A palavra de ordem: flertar com
a independência. "Os independentes estão dando de mil a zero
nas "majors". O mercado mudou
muito, o formato de um disco a
cada 18 meses, com 14 faixas, não
bate mais com a realidade", afirma Fred, baterista da banda, que,
no lugar de Rodolfo e Canisso,
hoje tem Marquinhos e Alf.
A constatação vem de alguém
que um ano atrás ainda era um
"insider" numa grande gravadora
-no caso a Warner, por onde o
grupo lançou quatro álbuns de estúdio e dois ao vivo. "Depois de 12
anos a Warner não era mais a
mesma. E nem o Raimundos era
mais o mesmo", diz Fred, sem esconder a mágoa com a antiga casa. ""Kavookavala" [de 2002] não
teve nenhum apoio da gravadora.
Eles escolheram a faixa de trabalho e, como não deu resultado,
abandonaram a coisa no meio."
Falar em independência em
2005 é diferente do que era no início dos anos 90, quando o Raimundos conseguiu fazer chegar
sua demo às mãos do produtor
Miranda, que lançou a banda pelo
selo "indie" Banguela, as FMs
adoraram a sacana "Selim", uma
"major" comprou a idéia...
A fita demo do século 21 é o
MP3. E, para reescrever sua trajetória nessa nova era, a banda opta
por lançar cinco faixas para download, primeiro no site da MTV
(www.mtv.com.br) e, daqui a um
mês, no site reformulado da banda (www.raimundos.info).
"O objetivo é encurtar os quase
quatro anos em que a gente ficou
fora da mídia", diz o baterista, em
referência ao período de vacas
magras que se sucedeu à saída do
vocalista Rodolfo, em 2001, quando se tornou evangélico.
Em outro sentido, Fred também
é um convertido. "Já fui muito
contra a internet. Seis anos atrás,
eu quebrava o pau com o [ex-baixista] Canisso sobre isso. Hoje
acho que não tem jeito mais
rápido, barato e eficiente de
divulgação de um artista",
reconhece.
Sobre como sobreviver de
música, já que os downloads
serão gratuitos e, mesmo que
não fossem, o controle tem se
mostrado mais difícil, o raimundo desconversa. "Não descarto
voltar para uma gravadora. Se alguma me ligar agora, sou totalmente solícito para conversar.
Mas vamos falar sobre royalties,
cortes de gastos. O que dita o preço do CD é o custo de produção
dele: quantas cores na capa, quanto vai pagar de jabá para as rádios,
quantas capas de revistas. O que
aconteceu foi uma inversão de papéis: hoje um diretor é mais vedete do que o artista."
Batizado de ".Qq cOizah" (lê-se
ponto qualquer coisa), o novo EP
do Raimundos traz as faixas "Sol e
Lua", "Folha de Zinco", Pemba
Talk", "Macaxeira" e "Oversize".
Além das músicas, é possível ver o
clipe de "Sol e Lua" e imprimir o
encarte do minidisco.
(DIEGO ASSIS)
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