São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

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Raimundos apela para downloads

DA REPORTAGEM LOCAL

Era uma vez o Raimundos. Ao mesmo tempo em que procuram enterrar um passado recente nada glorioso, repleto de brigas com a gravadora e entre seus próprios integrantes, Fred e Digão, a metade que restou do quarteto formado há quase 15 anos em Brasília, tenta esboçar uma nova história.
A palavra de ordem: flertar com a independência. "Os independentes estão dando de mil a zero nas "majors". O mercado mudou muito, o formato de um disco a cada 18 meses, com 14 faixas, não bate mais com a realidade", afirma Fred, baterista da banda, que, no lugar de Rodolfo e Canisso, hoje tem Marquinhos e Alf.
A constatação vem de alguém que um ano atrás ainda era um "insider" numa grande gravadora -no caso a Warner, por onde o grupo lançou quatro álbuns de estúdio e dois ao vivo. "Depois de 12 anos a Warner não era mais a mesma. E nem o Raimundos era mais o mesmo", diz Fred, sem esconder a mágoa com a antiga casa. ""Kavookavala" [de 2002] não teve nenhum apoio da gravadora. Eles escolheram a faixa de trabalho e, como não deu resultado, abandonaram a coisa no meio."
Falar em independência em 2005 é diferente do que era no início dos anos 90, quando o Raimundos conseguiu fazer chegar sua demo às mãos do produtor Miranda, que lançou a banda pelo selo "indie" Banguela, as FMs adoraram a sacana "Selim", uma "major" comprou a idéia...
A fita demo do século 21 é o MP3. E, para reescrever sua trajetória nessa nova era, a banda opta por lançar cinco faixas para download, primeiro no site da MTV (www.mtv.com.br) e, daqui a um mês, no site reformulado da banda (www.raimundos.info).
"O objetivo é encurtar os quase quatro anos em que a gente ficou fora da mídia", diz o baterista, em referência ao período de vacas magras que se sucedeu à saída do vocalista Rodolfo, em 2001, quando se tornou evangélico.
Em outro sentido, Fred também é um convertido. "Já fui muito contra a internet. Seis anos atrás, eu quebrava o pau com o [ex-baixista] Canisso sobre isso. Hoje acho que não tem jeito mais rápido, barato e eficiente de divulgação de um artista", reconhece.
Sobre como sobreviver de música, já que os downloads serão gratuitos e, mesmo que não fossem, o controle tem se mostrado mais difícil, o raimundo desconversa. "Não descarto voltar para uma gravadora. Se alguma me ligar agora, sou totalmente solícito para conversar. Mas vamos falar sobre royalties, cortes de gastos. O que dita o preço do CD é o custo de produção dele: quantas cores na capa, quanto vai pagar de jabá para as rádios, quantas capas de revistas. O que aconteceu foi uma inversão de papéis: hoje um diretor é mais vedete do que o artista."
Batizado de ".Qq cOizah" (lê-se ponto qualquer coisa), o novo EP do Raimundos traz as faixas "Sol e Lua", "Folha de Zinco", Pemba Talk", "Macaxeira" e "Oversize". Além das músicas, é possível ver o clipe de "Sol e Lua" e imprimir o encarte do minidisco.
(DIEGO ASSIS)


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