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RELÂMPAGOS
Sombra sucinta
JOÃO GILBERTO NOLL
Ao entrar na sala de espera
do consultório vi que me
pegariam como cobaia. Por
quê?, perguntariam os xeretas. Ora, porque eu era único naquilo que buscava, ali,
num cubículo seboso no
centro da cidade, enquanto
lá embaixo os ambulantes
gritavam mercadorias. O
que eu buscava, é isso? Ah,
não vou contar. A esfinge
supurada que dizem ser eu
viraria matéria de chacota.
Resolvi me ajoelhar, isso eu
abro. E aí, bem manso, deslizou um barco no lago parado na minha consciência.
Dentro dele, uma mulher
com sombrinha aberta sob
o sol. Quem era? Por que
não me levava na sua sombra sucinta?
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