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Companhia Delírio costura recortes do adeus
DA REPORTAGEM LOCAL
Num final de madrugada de
2003, na rodoviária de Passo Fundo (RS), o diretor paranaense Edson Bueno colheu uma imagem
determinante para o seu novo
projeto teatral.
Um jovem chorava copiosamente naquela rodoviária vazia,
silenciosa. Quando seu ônibus
chegou, o rapaz, visivelmente fragilizado, conseguiu reunir forças
para embarcar. E se foi. Bueno toma como ponto de partida aquela
imagem e aquele território de despedidas para escrever e dirigir
"Investigação sobre o Adeus".
A montagem estréia hoje na
Mostra Oficial do Festival de Curitiba, no Sesc da Esquina. No ano
passado, Bueno e seu grupo Delírio obtiveram destaque no Fringe
com o monólogo "Vermelho Sangue Amarelo Surdo", baseado em
cartas de Van Gogh.
"Agora, trata-se de um espetáculo sobre a ilusão, personagens
que não sabemos o que estão pensando, mas buscam alguma forma de comunicação, ainda que
estejam todos em fuga", diz Bueno, 48.
"Investigação sobre o Adeus"
coloca quatro seres em situações-limite. Um professor de história
da arte viaja para outra cidade para buscar o corpo da mulher que
morreu; uma dona-de-casa abandona o lar, marido e dois filhos;
uma balconista suburbana vai ao
encontro dos futuros sogros e tem
certeza que receberá uma negativa para o casamento; e um adolescente assassino.
Eis o quarto de personagens que
nunca se viram entre si e terão
seus destinos modificados.
Na encenação, Bueno busca referências a cineastas como o sueco Ingmar Bergman, o russo Andrei Tarkovski e o espanhol Luis
Buñuel. "Na medida em que as
cenas se dão a partir do que os
personagens estão pensando, não
necessariamente sobre o que estão fazendo, predomina a atmosfera surreal", diz o diretor.
O elenco do Delírio é formado
por Léa Albuquerque, Tupaceretan Matheus, Maíra Weber, Guilherme Macedo e Tiago Luz. O
grupo completa 20 anos em 2004.
(VS)
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