São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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CINEMA/ESTRÉIA

Brasileiro assina co-direção da segunda animação da Blue Sky Studios desde o pré-histórico "A Era do Gelo"

Carlos Saldanha viaja ao futuro em "Robôs"

DA REPORTAGEM LOCAL

Maiores poderes, maiores responsabilidades. O lema é de "Homem-Aranha", mas cai bem para a Blue Sky Studios, do brasileiro Carlos Saldanha, que chega agora ao seu segundo longa de animação, a comédia futurista "Robôs", que estréia hoje no Brasil.
Se já não é fácil competir em qualidade técnica com os blockbusters "Os Incríveis", da Pixar, e a série "Shrek", da DreamWorks, o relativamente novo estúdio, amparado pela Fox, tenta superar a sua própria marca: "A Era do Gelo" (2002), primeiro longa da Blue Sky, faturou mais de US$ 370 milhões (R$ 1 bilhão) em bilheterias e figura entre as dez produções mais vistas do gênero.
Com um elenco estelar que inclui Ewan McGregor e Robin Williams -Reynaldo Gianecchini e André Mattos, no Brasil-, Halle Berry e até o veterano Mel Brooks, "Robôs" começou bem, fazendo US$ 36 milhões (R$ 99 milhões) na estréia no último final de semana nos EUA -cerca de US$ 10 milhões a menos, no entanto, do que "A Era do Gelo" abocanhou no mesmo período, há três anos.
Mas o desafio não está só em superar a numerália. Indicado para o Oscar do ano passado com o curta de animação "Gone Nutty", Saldanha tem também uma reputação (em ascensão) a zelar. Seu curta perdeu para o australiano "Harvey Krumpet", mas ajudou a comprovar a competência do estúdio nova-iorquino em que trabalha há 12 anos com o fundador e também diretor Chris Wedge.
"Demora tanto tempo para fazer esses filmes que a gente não sente o peso total da coisa. A indicação me deu um título maior, mas, à medida que você vai melhorando, a pressão aumenta, as responsabilidades aumentam, e você acaba exigindo mais de si mesmo. Não dá tempo para parar e pensar nos louros", disse Saldanha, 36, que assina novamente a produção como co-diretor.
Em visita ao Rio para promover o lançamento de "Robôs", ele falou por telefone à Folha na segunda-feira. ""Robôs" tem mais personagens, cenários, uma iluminação supercomplexa. Foi um filme muito mais complicado de fazer do que "A Era do Gelo", que era algo inesperado e foi um sucesso incrível. Com "Robôs" a gente tinha essa responsabilidade nas costas, né? Pensamos: agora a gente tem de fazer um filme melhor, maior, mais elaborado."
Não bastasse o clima de "mais, mais", Saldanha teve de se equilibrar entre a finalização de "Robôs" e a direção do novo "A Era do Degelo", que deve estrear no ano que vem.
"Tenho viajado praticamente toda semana para Los Angeles para acompanhar a gravação das vozes dos personagens. Meu dia é cronometrado pelo minuto. É um cansaço mental muito forte, porque você tem de estar o dia inteiro tendo de ser criativo. E o relógio para ser criativo não é uma coisa muito natural."
Enquanto isso, não muito longe dali, alguns críticos americanos, como os do "New York Times" e da revista "Wired", não pouparam o longa, comparando-o negativamente com os rivais da Disney/Pixar e da animação japonesa. "Acho que a crítica é uma coisa pessoal. Não tiro o mérito da Pixar, é o sexto filme que eles fazem e já têm uma maturidade muito maior do que os outros estúdios, até mesmo do que a DreamWorks. Mas animação é animação. Gostar da Pixar não impede que você goste de filmes de outros estúdios", defendeu-se Saldanha.
(DIEGO ASSIS)


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