|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA/ESTRÉIA
Brasileiro assina co-direção da segunda animação da Blue Sky Studios desde o pré-histórico "A Era do Gelo"
Carlos Saldanha viaja ao futuro em "Robôs"
DA REPORTAGEM LOCAL
Maiores poderes, maiores responsabilidades. O lema é de "Homem-Aranha", mas cai bem para
a Blue Sky Studios, do brasileiro
Carlos Saldanha, que chega agora
ao seu segundo longa de animação, a comédia futurista "Robôs",
que estréia hoje no Brasil.
Se já não é fácil competir em
qualidade técnica com os blockbusters "Os Incríveis", da Pixar, e
a série "Shrek", da DreamWorks,
o relativamente novo estúdio,
amparado pela Fox, tenta superar
a sua própria marca: "A Era do
Gelo" (2002), primeiro longa da
Blue Sky, faturou mais de US$ 370
milhões (R$ 1 bilhão) em bilheterias e figura entre as dez produções mais vistas do gênero.
Com um elenco estelar que inclui Ewan McGregor e Robin Williams -Reynaldo Gianecchini e
André Mattos, no Brasil-, Halle
Berry e até o veterano Mel Brooks,
"Robôs" começou bem, fazendo
US$ 36 milhões (R$ 99 milhões)
na estréia no último final de semana nos EUA -cerca de US$ 10
milhões a menos, no entanto, do
que "A Era do Gelo" abocanhou
no mesmo período, há três anos.
Mas o desafio não está só em superar a numerália. Indicado para
o Oscar do ano passado com o
curta de animação "Gone Nutty",
Saldanha tem também uma reputação (em ascensão) a zelar. Seu
curta perdeu para o australiano
"Harvey Krumpet", mas ajudou a
comprovar a competência do estúdio nova-iorquino em que trabalha há 12 anos com o fundador
e também diretor Chris Wedge.
"Demora tanto tempo para fazer esses filmes que a gente não
sente o peso total da coisa. A indicação me deu um título maior,
mas, à medida que você vai melhorando, a pressão aumenta, as
responsabilidades aumentam, e
você acaba exigindo mais de si
mesmo. Não dá tempo para parar
e pensar nos louros", disse Saldanha, 36, que assina novamente a
produção como co-diretor.
Em visita ao Rio para promover
o lançamento de "Robôs", ele falou por telefone à Folha na segunda-feira. ""Robôs" tem mais personagens, cenários, uma iluminação supercomplexa. Foi um filme
muito mais complicado de fazer
do que "A Era do Gelo", que era algo inesperado e foi um sucesso incrível. Com "Robôs" a gente tinha
essa responsabilidade nas costas,
né? Pensamos: agora a gente tem
de fazer um filme melhor, maior,
mais elaborado."
Não bastasse o clima de "mais,
mais", Saldanha teve de se equilibrar entre a finalização de "Robôs" e a direção do novo "A Era
do Degelo", que deve estrear no
ano que vem.
"Tenho viajado praticamente
toda semana para Los Angeles para acompanhar a gravação das vozes dos personagens. Meu dia é
cronometrado pelo minuto. É um
cansaço mental muito forte, porque você tem de estar o dia inteiro
tendo de ser criativo. E o relógio
para ser criativo não é uma coisa
muito natural."
Enquanto isso, não muito longe
dali, alguns críticos americanos,
como os do "New York Times" e
da revista "Wired", não pouparam o longa, comparando-o negativamente com os rivais da Disney/Pixar e da animação japonesa. "Acho que a crítica é uma coisa
pessoal. Não tiro o mérito da Pixar, é o sexto filme que eles fazem
e já têm uma maturidade muito
maior do que os outros estúdios,
até mesmo do que a DreamWorks. Mas animação é animação. Gostar da Pixar não impede
que você goste de filmes de outros
estúdios", defendeu-se Saldanha.
(DIEGO ASSIS)
Texto Anterior: Erika Palomino Próximo Texto: Crítica: Filme explora imaginário de contos infantis Índice
|