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Sexo, moda & rock'n'roll
Maria Stella Splendore lança amanhã autobiografia em que fala sobre
o romance que teve com Roberto Carlos em 1966, quando era casada com
o estilista Dener; ela não sabe qual deles é o pai da menina nascida em 1967
IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL A PINDAMONHANGABA (SP)
Todo santo dia, Maria Stella
Splendore, 59, acorda às 3h30
da madrugada em sua casa cor-de-rosa. Sem despertador.
Após exercícios de respiração,
banho, chá e uma bolacha, a
mulher de 1,70 m e 46 kg declarados glorifica Deus, recitando
o mantra: "Hare Krishna, Hare
Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare".
Ela canta as 16 palavras 1.728
vezes, numa velocidade de quatro palavras por segundo, o que
lhe garante trabalho concluído
em umas duas horas. Depois,
Splendore passeia entre as dez
vacas sagradas que coabitam,
com 110 seres humanos, a fazenda Nova Gokula, em Pindamonhangaba, interior de SP, e
vai ao templo amarelo rezar um
pouquinho mais.
No ano passado, porém, ela
interrompeu diversas vezes os
serviços religiosos para se dedicar a outro ritual: escrever sua
autobiografia, que será lançada
amanhã, das 19h às 21h, na livraria Cultura (av. Paulista,
2.073, tel. 0/xx/11/3170-4033).
O livro "Sri Splendore" (algo
como bela Splendore, em sânscrito) tem um quarto de suas
114 páginas (R$ 38, edição independente) tomadas pelo movimento para a consciência de
Krishna. Outra parte trata de
sua vida nos anos 70, e a primeira, de sua infância. É o segundo capítulo, "Vida de Celebridade", com parcas 15 páginas, que promete alvoroço.
Ali descobrimos como a menina de 16 anos, de família milionária, se transformou na manequim exclusiva de Dener
Pamplona de Abreu, estilista
das estrelas nos anos 60.
Como se casaram em seguida, em cerimônia com cobertura ao vivo da TV. Como, semanas após o nascimento do primeiro filho, ela se envolveu
com Roberto Carlos, em 1966.
E como uma filha nasceu oito
meses depois -e até hoje ninguém sabe se o pai foi o marido
ou o amante.
"Estive com os dois na mesma época. Meu casamento com
Dener já não funcionava. Nunca tivemos a intimidade que eu
esperava. Nossa casa era invadida pela imprensa e pelos amigos que iam beber uísque até as
9h da manhã. E então conheci o
Roberto", conta Maria Stella.
"As pessoas me viam com o
Roberto e comentavam. Dener
ficou sabendo." Se não soubesse por uns, saberia por outros.
Naquele ano, Roberto Carlos
mostrou a Maria Stella diversas
músicas do que seria seu sexto
long play. Antecipou, por
exemplo, "Querem Acabar Comigo", que, segundo ela, fazia
referência ao estouro do "príncipe" Ronnie Von em contraposição ao rei da Jovem Guarda.
Esposa de um amigo meu
Mas o disco trazia também a
auto-acusatória "Namoradinha
de um Amigo Meu". Começa
assim: "Estou amando loucamente/ A namoradinha de um
amigo meu/ Sei que estou errado/ Mas nem mesmo sei como
isso aconteceu".
"Não quero comentar sobre
essa música", diz Maria Stella.
"Perguntem para o Roberto."
Mas, procurado, Roberto também não quis comentar. Após
nova insistência, Maria Stella
solta: "Sempre soube que era
para mim. Ele nunca disse? Então, não sei", irrita-se.
"Contei tudo a Maria Leopoldina quando Dener morreu, em
1978. Ela tinha 11 ou 12 anos. Na
época, não havia exame de
DNA. Hoje, não faz mais sentido. Não somos filhos nem pais
de ninguém, somos instrumentos. Pai é Deus", diz.
Maria Leopoldina, que preferiu não falar, segue os passos da
mãe. É hare krishna e não tem
preocupações financeiras. Única herdeira do clã Splendore
(seu irmão morreu em 1993),
casou-se três vezes, duas delas
com homens de famílias igualmente ricas. Teve quatro filhos,
sendo que a mais velha, de 20,
deve dar à luz em abril, transformando Maria Leopoldina
em avó aos 40 anos.
Gucci, Prada
Splendore diz que colocou
um ponto final na história toda
nos anos 80, quando se tornou
hare krishna. "Virei celibatária,
dei todas as minhas jóias para
minha filha e fui viver com dois
saris (roupa indiana)."
A renúncia terminou em
1992, quando se casou (pela
quarta vez) com um devoto
norte-americano. Moraram em
diversos lugares, incluindo o
Havaí. O casamento durou dez
anos e, quando terminou, Maria Stella não teve forças para
voltar à pobreza material.
"Cansei de usar sari por causa do estereótipo. Estou celibatária, mas desta vez não renunciei aos sapatos Gucci, por
exemplo. O que importa é continuar pregando", diz, segurando uma bolsa Prada comprada
no ano passado em Milão.
Na sexta passada, por causa
da chuva que caía sobre Nova
Gokula, ela renunciou momentaneamente aos Gucci. Mas escorregou na lama e não aprovou a novidade: "Mamãe já dizia, não pode andar de tênis
quem nasceu para usar salto".
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