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Burt Reynolds renasce com "Boogie Nights"
KAREN THOMAS
do "USA Today"
Deve ser o lugar certo: portão de
ferro trancado com as iniciais BR e
um sinal de "proibida a entrada".
A voz no interfone não é a dos
habituais sicofantes. É inconfundível. "Entre", diz Burt Reynolds.
O ator de 61 anos, cujo papel de
diretor de filmes adultos em "Boogie Nights" já conquistou vários
prêmios, teve seus maus momentos. Mas agora o ícone dos 70 está
abalando Hollywood devido aos
elogios por seu talento como ator.
Depois de ganhar o Globo de
Ouro, ele se prepara para o Oscar,
ao qual concorre na categoria melhor ator coadjuvante.
No seu pico, duas décadas atrás,
Reynolds foi a principal atração
das bilheterias por cinco anos consecutivos, com reputação de egomaníaco mulherengo propenso a
acessos de ira.
O pior aconteceu em 1993, quando ele tartamudeou em rede nacional de TV uma explicação sobre seu divórcio contencioso de
Loni Anderson, fazendo diversas
acusações contra ela e revelando
os mais íntimos detalhes da vida
em comum do casal.
Depois disso veio a falência.
Hoje, Reynolds parece ter aprendido com a experiência. Suas declarações impensadas e insultuosas agora são menos agressivas.
Ele agradece a todos. Admira
tanta gente. Em um momento, se
diz indigno de tanta atenção. No
seguinte, expressa cuidadosamente sua raiva para com a cidade que
abandonou o ator nomeado para o
Oscar, ganhador do Emmy, campeão de bilheteria.
"Eu não achei que precisasse
provar que podia interpretar", diz
o astro, que ganhou prêmios por
"Amargo Pesadelo". "Pensei que
já o tivesse feito."
Depois de mudar de agente
-que não teve nada a ver com a
conquista do personagem em
"Boogie Nights"-, ele conseguiu
um papel em "Mystery Alaska",
filme de um grande estúdio que
começou a ser filmado em Calgary. Reynolds faz um técnico de
hóquei.
Pessoas que ele admirou por
muito tempo subitamente estão
falando sobre ele. Alguém recentemente perguntou a Tom Hanks:
"O que mais o deixa feliz?" Reynolds diz: "E ele respondeu: "O fato de que Burt Reynolds está de
volta'. Bom, não conheço Tom
Hanks. Jamais o encontrei. Mas fiquei tão comovido".
Toda essa atenção o apanhou
desprevenido e ele está tomando
muito cuidado quanto à sua próxima jogada. Hollywood adora ver
os tropeços dos poderosos.
Os jatos privados e pilotos particulares do passado se foram. Em
junho de 1996, ele pediu falência
declarando dívidas de mais de US$
10 milhões. O Burt Reynolds Dinner Theater, de Jupiter, Flórida,
está tendo sua hipoteca executada.
Sua querida fazenda está à venda.
A casa do caseiro lhe serve de escritório. Os gramados luxuriantes
estão silenciosos. Não há criados à
vista. Reynolds atende seu telefone, apanha suas roupas na lavanderia e vai com seu próprio carro
ao aeroporto. Serve seu chá.
E Burt Reynolds afirma que ainda serve como seu próprio dublê.
Há poucas semanas, diz, caiu sobre um carro. "Eu disse a eles,
"olha, eu posso fazer. Ainda posso
cair. Meu problema é não conseguir levantar. Mas o personagem
está morto, de qualquer jeito'."
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