São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
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ANÁLISE
É bobagem achar que MP3 vai acabar

MARIA ERCILIA
Editora de Internet

O MP3 está provocando na indústria de música o mesmo efeito que a Internet teve sobre a de software, dois anos atrás.
Os programas shareware (aqueles com preço sugerido, que só paga quem quer), que já existiam, começaram a ser distribuídos com muito mais rapidez, e as empresas tiveram que rever sua estratégia e seus preços.
A Microsoft, por exemplo, acabou tornando o Explorer gratuito, para combater o sucesso da Netscape. Este processo continua -muitos programas que rodam em computadores de grandes empresas hoje são gratuitos. Um exemplo é o Linux, que compete diretamente com o Windows.
Mas pergunte se as empresas de software queriam que a Internet, com todos os seus softwares gratuitos, desaparecesse.
A resposta seria um redondo não, porque a rede de computadores faz com que as pessoas comprem mais máquinas e mais softwares.
Mesmo que parte do lucro seja roída pelos produtos gratuitos, o bolo aumenta tanto que o saldo acaba sendo positivo.
A onda do MP3 pode acabar tendo o mesmo efeito. O susto que deu nas gravadoras está acelerando sua corrida para a distribuição eletrônica e abrindo mais um canal de vendas.
Se as pessoas deixarem de comprar algumas músicas, porque as encontraram de graça, por outro lado podem acabar comprando discos porque foram expostas a mais música. Essa sempre foi a filosofia de algumas bandas que encorajam gravações piratas de seus shows, por exemplo.
Quanto à conversa de que as gravadoras vão acabar com o MP3, bobagem. Seria o mesmo que dizer que a fita cassete, que é usada para piratear música há décadas, vai ser proibida.


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