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ANÁLISE
É bobagem achar que MP3 vai acabar
MARIA ERCILIA
Editora de Internet
O MP3 está provocando na indústria de música o mesmo efeito
que a Internet teve sobre a de software, dois anos atrás.
Os programas shareware (aqueles com preço sugerido, que só paga quem quer), que já existiam, começaram a ser distribuídos com
muito mais rapidez, e as empresas
tiveram que rever sua estratégia e
seus preços.
A Microsoft, por exemplo, acabou tornando o Explorer gratuito,
para combater o sucesso da Netscape. Este processo continua
-muitos programas que rodam
em computadores de grandes empresas hoje são gratuitos. Um
exemplo é o Linux, que compete
diretamente com o Windows.
Mas pergunte se as empresas de
software queriam que a Internet,
com todos os seus softwares gratuitos, desaparecesse.
A resposta seria um redondo
não, porque a rede de computadores faz com que as pessoas comprem mais máquinas e mais softwares.
Mesmo que parte do lucro seja
roída pelos produtos gratuitos, o
bolo aumenta tanto que o saldo
acaba sendo positivo.
A onda do MP3 pode acabar tendo o mesmo efeito. O susto que
deu nas gravadoras está acelerando sua corrida para a distribuição
eletrônica e abrindo mais um canal
de vendas.
Se as pessoas deixarem de comprar algumas músicas, porque as
encontraram de graça, por outro
lado podem acabar comprando
discos porque foram expostas a
mais música. Essa sempre foi a filosofia de algumas bandas que encorajam gravações piratas de seus
shows, por exemplo.
Quanto à conversa de que as gravadoras vão acabar com o MP3,
bobagem. Seria o mesmo que dizer
que a fita cassete, que é usada para
piratear música há décadas, vai ser
proibida.
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