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DISCOS/LANÇAMENTOS
Mensageiro do jazz
Art Blakey dá o recado do ritmo no álbum "A Night in Tunisia", que abre coleção
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CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Existem pelo menos dois
sentidos diferentes bem demarcados para a palavra mensageiro. Se por um lado é o que comunica, entrega mensagens, esparrama a notícia no ar, por outro
é o precursor, o que anuncia,
aquele que faz presságios.
Art Blakey foi tudo isso, com
distinção e louvor.
Nascido na norte-americana
Pittsburgh em 1919, o baterista começou a dar o recado já nos primeiros anos 40, emprestando seu
ritmo para a pianista Mary Lou
Williams. Outras grandes bandas
vieram, como as de Fletcher Henderson e Billy Eckstine.
Mas foi na década de 50 que a
mensagem ganhou corpo. Em
parceria com Horace Silver, pianista ainda na ativa, Blakey criou
o Jazz Messengers, um dos principais grupos da história jazzística.
Foi sob o comando das baquetas de Bu, apelido do baterista,
que a árvore genealógica do jazz
viu crescer o galho do gênero chamado de hard bop.
Uma das "mensagens" iniciais
desse estilo está chegando agora,
direto de 1957, para os aparelhos
de CD brasileiros.
"A Night in Tunisia" não é o
melhor das dezenas de discos dos
Jazz Messengers de Blakey. Talvez
não seja nem mesmo o melhor "A
Night in Tunisia" do próprio grupo. Principal intérprete desse tema clássico do jazz, ao lado de seu
criador, Dizzy Gillespie, o baterista gravou diversos trabalhos com
esse título, o mais notável deles
com o selo da Blue Note.
O disco que chega agora ao Brasil, porém, pelo selo Bluebird (da
gravadora BMG), traz para as
combalidas prateleiras de CDs
nacionais de jazz, com grande
qualidade, as principais qualidades do mensageiro Blakey.
Um test-drive nos dois primeiros minutos do álbum explicam
isso melhor do que a melhor explicação. Sozinho, ele e sua bateria, o jazzista conta o que é a noite,
o que é a África, e narra o modo
como as tribos africanas, noite
adentro, se comunicavam na linguagem do tambor.
Desconte daí os eventuais exageros deste jornalista e o ouvinte
estará diante de uma peça inesquecível de arte e de comunicação
musical.
Não é tudo, claro. Termina o solo de Blakey, aula de como um baterista pode levar adiante diversos
padrões rítmicos ao mesmo tempo, e entram em cena outras palestras de grande eloquência.
O sax tenor de John Griffin e o
alto de Jackie McLean (creditado
na capa do disco como Ferris
Benda, por questões contratuais),
assessorados pela cozinha de Art,
dão, por exemplo, a receita do que
é hard bop.
Se o bebop, movimento anterior, dera o molde do jazz moderno, escancarando o fato de que
era no improviso que morava a
essência jazzística, o hard bop vinha para relembrar que sem suingue, ritmo, alma, o improviso não
era mais que improviso. E são essas as marcas dos sopros de
McLean e Griffin.
É apenas o começo dos caminhos de "A Night in Tunisia". A
mensagem está dada.
A Night in Tunisia
Artista: Art Blakey and the Jazz
Messengers
Lançamento: Bluebird/BMG
Quanto: R$ 28, em média
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