São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Com "Falsa Loura", diretor cria seu "musical proletário"

Após "Garotas do ABC", Carlos Reichenbach volta seu olhar para a periferia em longa estrelado por Rosanne Mulholland

Com Cauã Reymond e Mauricio Mattar no elenco, filme conta história de operária ambiciosa dividida entre dois ídolos da música

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

"Falsa Loura", o 15º longa-metragem de Carlos Reichenbach, é, nas suas próprias palavras, "um musical brasileiro e proletário".
A loura do título é Silmara (Rosanne Mulholland), uma linda operária que balança entre dois ídolos, o líder de uma banda pop (Cauã Reymond) e um cantor romântico brega (Mauricio Mattar).
O filme, que estréia hoje, foi concebido originalmente como parte de um amplo projeto chamado "ABC Clube Democrático", ao lado de "Garotas do ABC" (2003) e de outros dois longas ainda em roteiro.
Mas a loura migrou para a zona norte paulistana e ganhou autonomia. "Optamos por excluir o ABC do roteiro, mudar os nomes dos personagens e o elenco inteiro do primeiro filme", diz o diretor.
Para Reichenbach, "a diferença essencial entre os dois longas é que "Garotas" parte do individual para se debruçar no coletivo; "Falsa Loura" faz o caminho inverso".
Filha de um ex-presidiário condenado por incêndio criminoso, Silmara oscila não só entre os dois ídolos com os quais se envolve, mas também entre o anseio de subir na vida sozinha, a qualquer custo, e a solidariedade com suas companheiras de dureza.
Além de Rosanne Mulholland, oriunda do cinema experimental de Brasília, o elenco inclui a ex-Tiazinha Suzana Alves e Djin Sganzerla (filha do diretor Rogério Sganzerla e da atriz Helena Ignez), cuja personagem passa por uma pigmaleônica metamorfose de mocréia em beldade.
"Já para os dois ídolos, eu precisava do carisma de seus protagonistas. O Cauã me chamou a atenção por sua energia e "sex appeal"."
Para o maduro cantor romântico, Mauricio Mattar foi a primeira idéia do cineasta, com sua "voz coloquial, generosa, que parece cantar no ouvido das mulheres".
Com diversos roteiros na gaveta, Reichenbach se prepara para enfrentar seu projeto mais ambicioso, "O Mar das Mulheres Finais".
"O filme parte da experiência com a minha ressurreição no Incor, após três pontes de safena e uma mamária. Um cineasta passa quatro dias sob o efeito da morfina, inventariando os erros que cometeu na vida: as mulheres que não soube amar devidamente, os amigos que não acolheu, as idéias que não pôs em prática. Ao mesmo tempo, conclui, imaginariamente, um filme que concebeu aos 12 anos", conta ele.


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