|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com "Falsa Loura", diretor cria seu "musical proletário"
Após "Garotas do ABC", Carlos Reichenbach volta seu olhar para a periferia em longa estrelado por Rosanne Mulholland
Com Cauã Reymond e Mauricio Mattar no elenco, filme conta história de operária ambiciosa dividida entre dois ídolos da música
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
"Falsa Loura", o 15º longa-metragem de Carlos Reichenbach, é, nas suas próprias palavras, "um musical brasileiro e
proletário".
A loura do título é Silmara
(Rosanne Mulholland), uma
linda operária que balança entre dois ídolos, o líder de uma
banda pop (Cauã Reymond) e
um cantor romântico brega
(Mauricio Mattar).
O filme, que estréia hoje, foi
concebido originalmente como
parte de um amplo projeto chamado "ABC Clube Democrático", ao lado de "Garotas do
ABC" (2003) e de outros dois
longas ainda em roteiro.
Mas a loura migrou para a zona norte paulistana e ganhou
autonomia. "Optamos por excluir o ABC do roteiro, mudar
os nomes dos personagens e o
elenco inteiro do primeiro filme", diz o diretor.
Para Reichenbach, "a diferença essencial entre os dois
longas é que "Garotas" parte do
individual para se debruçar no
coletivo; "Falsa Loura" faz o caminho inverso".
Filha de um ex-presidiário
condenado por incêndio criminoso, Silmara oscila não só entre os dois ídolos com os quais
se envolve, mas também entre
o anseio de subir na vida sozinha, a qualquer custo, e a solidariedade com suas companheiras de dureza.
Além de Rosanne Mulholland, oriunda do cinema experimental de Brasília, o elenco
inclui a ex-Tiazinha Suzana Alves e Djin Sganzerla (filha do
diretor Rogério Sganzerla e da
atriz Helena Ignez), cuja personagem passa por uma pigmaleônica metamorfose de mocréia em beldade.
"Já para os dois ídolos, eu
precisava do carisma de seus
protagonistas. O Cauã me chamou a atenção por sua energia
e "sex appeal"."
Para o maduro cantor romântico, Mauricio Mattar foi a
primeira idéia do cineasta, com
sua "voz coloquial, generosa,
que parece cantar no ouvido
das mulheres".
Com diversos roteiros na gaveta, Reichenbach se prepara
para enfrentar seu projeto mais
ambicioso, "O Mar das Mulheres Finais".
"O filme parte da experiência
com a minha ressurreição no
Incor, após três pontes de safena e uma mamária. Um cineasta passa quatro dias sob o efeito
da morfina, inventariando os
erros que cometeu na vida: as
mulheres que não soube amar
devidamente, os amigos que
não acolheu, as idéias que não
pôs em prática. Ao mesmo tempo, conclui, imaginariamente,
um filme que concebeu aos 12
anos", conta ele.
Texto Anterior: Político terá terceiro mandato Próximo Texto: Ator dispensa dublagem e canta em cena Índice
|