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Crítica
Atriz domina produção de alcance popular que não subestima espectador
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
"Falsa Loura" demonstra mais uma
vez, na carreira de
Carlos Reichenbach, que cinema de alcance popular não precisa se render ao popularesco
nem subestimar o espectador.
Ambigüidades, elipses e distintos registros de gênero, entre outros recursos, dão vida a
essa fábula sobre perda da inocência, que conversa, sem preconceito, com as promessas de
romantismo do universo musical brega.
Essas promessas alimentam
os sonhos não só de Silmara
(Rosanne Mulholland), a protagonista, mas também das
amigas e colegas de trabalho
apaixonadas, como ela, por
cantores (Cauã Reymond e
Mauricio Mattar) que representam, quase caricaturais, padrões masculinos de sedução.
Eles são bonitos e gostosões,
mas se comportam, a exemplo
de outros homens do filme, como canalhas -no caso de ambos, dedicados ao uso e descarte de mulheres. E elas? Mais
inocentes, frágeis e passivas em
relação a isso do que talvez fosse razoável supor no século 21.
Falsidade, aqui, não tem a ver
apenas com a cor dos cabelos
de Silmara -o que só adquire
importância para outro personagem masculino, guardado na
manga do colete para o final da
história e também às voltas
com a perda de inocência.
Os enganos, baseados nas
aparências, se multiplicam por
todo o filme. Pautam as relações familiares, sociais e econômicas, e com isso desenham os
contornos de um mundo áspero, de desconfianças, pouco
amistoso com as emoções e governado pelo consumo.
Quase uma dezena de personagens secundários, protagonistas de subtramas que parecem querer mais espaço na história, abrem janelas para possíveis outros filmes. Mas este, inclusive pela atuação de Mulholland, pertence a Silmara.
FALSA LOURA
Produção: Brasil, 2007
Direção: Carlos Reichenbach
Com: Rosanne Mulholland, Cauã Reymond, Mauricio Mattar
Onde: a partir de hoje no Reserva
Cultural, Villa-Lobos e circuito
Avaliação: bom
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