São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Crítica

Atriz domina produção de alcance popular que não subestima espectador

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

"Falsa Loura" demonstra mais uma vez, na carreira de Carlos Reichenbach, que cinema de alcance popular não precisa se render ao popularesco nem subestimar o espectador. Ambigüidades, elipses e distintos registros de gênero, entre outros recursos, dão vida a essa fábula sobre perda da inocência, que conversa, sem preconceito, com as promessas de romantismo do universo musical brega.
Essas promessas alimentam os sonhos não só de Silmara (Rosanne Mulholland), a protagonista, mas também das amigas e colegas de trabalho apaixonadas, como ela, por cantores (Cauã Reymond e Mauricio Mattar) que representam, quase caricaturais, padrões masculinos de sedução.
Eles são bonitos e gostosões, mas se comportam, a exemplo de outros homens do filme, como canalhas -no caso de ambos, dedicados ao uso e descarte de mulheres. E elas? Mais inocentes, frágeis e passivas em relação a isso do que talvez fosse razoável supor no século 21.
Falsidade, aqui, não tem a ver apenas com a cor dos cabelos de Silmara -o que só adquire importância para outro personagem masculino, guardado na manga do colete para o final da história e também às voltas com a perda de inocência.
Os enganos, baseados nas aparências, se multiplicam por todo o filme. Pautam as relações familiares, sociais e econômicas, e com isso desenham os contornos de um mundo áspero, de desconfianças, pouco amistoso com as emoções e governado pelo consumo. Quase uma dezena de personagens secundários, protagonistas de subtramas que parecem querer mais espaço na história, abrem janelas para possíveis outros filmes. Mas este, inclusive pela atuação de Mulholland, pertence a Silmara.


FALSA LOURA
Produção:
Brasil, 2007
Direção: Carlos Reichenbach
Com: Rosanne Mulholland, Cauã Reymond, Mauricio Mattar
Onde: a partir de hoje no Reserva Cultural, Villa-Lobos e circuito
Avaliação: bom


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