São Paulo, sábado, 18 de abril de 1998

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OUTRO LADO
Sodré não queria reeleição de Cunha Lima

da Redação

Membro emérito do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, o criador da instituição, Abreu Sodré, 79, foi um dos opositores à reeleição de Jorge da Cunha Lima.
"Vamos abrir a caixa preta", disse após a vitória do adversário. "Eu não sei qual é a dívida da TV Cultura. Ele deveria publicar um balanço trimestral da empresa: quanto gasta, como gasta e o que recebe como apoio cultural."
Segundo Sodré, a reunião do conselho "parece matinê". "A gente vai lá, vê filminho e só."
O ex-ministro defende a independência da emissora: "A Cultura não é uma emissora do governo. É independente. O governo deve sustentar, não intervir".
Para Roberto Muylaert, 63, que presidiu a Fundação Padre Anchieta por nove anos, o apoio do governo estadual pode ameaçar a independência da Cultura, mas representa também um caminho para a crise.
"Supostamente, não haverá mais problemas porque a reeleição teve apoio do governo e ele (Cunha Lima) poderá recorrer, quando precisar, a quem o apoiou", diz Muylaert. "Sempre que há uma entrega, há uma cobrança do outro lado, mas pelo menos, a emissora passa a ter um caminho", afirma.
Muylaert garante que não tem planos de voltar a presidir a Fundação Padre Anchieta ou ocupar uma vaga no Conselho Curador. Na eleição anual do Conselho, em março passado, ele perdeu sua cadeira por dois votos: teve 21 e precisava de 23.
"O pessoal da situação tinha muito medo que, no último momento, eu lançasse minha candidatura à Presidência. No momento em que eles armaram a minha não-reeleição no conselho, eu estava desarmado. Perdi uma batalha que eu não estava disputando."
Segundo Muylaert, a dívida comercial da Cultura, quando deixou a presidência, estava zerada. Tinha um débito de US$ 150 mil com a Sony (equipamentos) e uma dívida com o INSS, hoje já negociada. (CP)



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