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Regente constitui referência do século 20
DA REPORTAGEM LOCAL
Para os que têm faro para as raras surpresas da música, o nome
do milanês Claudio Abbado fixou-se, a partir de 1968, quando,
aos 35 anos, ele assumiu a direção
musical do teatro Alla Scala, onde
permaneceria até 1986.
Não era um principiante. Havia
regido pela primeira vez a Filarmônica de Viena, em 1965, com
uma "Sinfonia nº 2", de Mahler,
no Festival de Salzburgo, a convite de Karajan. Regeu a Filarmônica de Berlim no ano seguinte.
Antes dele, apenas dois outros
maestros italianos-Arturo Toscanini e Victor de Sabata- haviam penetrado tão fundo na estrutura burocrática e excludente
da música germânica. E depois
dele há apenas o exemplo de Giuseppe Sinopoli, que regerá este
ano, em Bayreuth, a nova produção do "Ring", de Wagner.
A carreira de Abbado chegou a
se confundir de início com as trajetórias do compositor Luigi Nono, do pianista Maurizio Pollini e
do diretor de teatro Giorgio Sthrehler, milaneses próximos do Partido Comunista que nos anos 60
participaram de projetos de democratização da cultura nas periferias industriais da cidade.
Seu currículo é denso. Criou a
Filarmônica do Scala, formação
para concertos sinfônicos, a Orquestra de Jovens da Comunidade Européia e a Orquestra Jovem
Gustav Mahler.
Foi diretor musical da Sinfônica
de Londres e em seguida diretor
da Ópera de Viena. Naquela cidade, tornou-se, em 1987, diretor
municipal para a música.
Outro ponto admirável em Abbado está em sua versatilidade. É
tido como um dos bons conhecedores do barroco Scarlatti. Transita com a máxima desenvoltura
pelos períodos clássico e romântico. Mas é também um regente de
referência no repertório do século
20. Sua leitura de "Wozzeck", de
Alban Berg, em 1978 (Milão e Paris), é antológica.
(JBN)
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