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Iole de Freitas mostra obras inéditas
DA SUCURSAL DO RIO
Das paredes da construção
plantada há quase 130 anos no
centro do Rio brotam tubos retorcidos de aço e placas translúcidas,
com curvaturas feitas no limite da
resistência do material. Suspensa,
a gigantesca escultura parece cortar o ar e invadir a construção.
Essa é a visão que se tem ao chegar ao Centro Hélio Oiticica, que
inaugura hoje mostra com obras
inéditas de Iole de Freitas, 55.
Iole fez uma obra única, que
surge na fachada lateral e se espalha pelas cinco galerias do prédio.
As estruturas, suspensas do lado
de fora, atravessam as paredes e
prosseguem por todo o prédio.
"Queria que houvesse a ativação
do espaço, que o espectador percebesse não apenas as linhas e superfícies retorcidas, mas o espaço
que está em torno", explica Iole.
Ela usou longos tubos de aço retorcidos -alguns com 17 metros-, com poucos pontos de
solda, e placas de policarbonato
brancas e foscas.
A escolha do material não foi
aleatória. Desde que imaginou a
exposição, em outubro, decidiu
que criaria uma obra específica
para o Centro Hélio Oiticica.
Queria também que sua obra
ocupasse o espaço externo, como
com "Território Vazado", que fez
em 1999, nos jardins do Museu da
Pampulha (Belo Horizonte), ou
com a escultura "Dora Maar",
instalada na piscina do Museu do
Açude (Rio), também em 1999.
Preferiu os tubos e chapas
translúcidas. "Não queria a transparência, mas a translucidez. Poderia usar o vidro, mas não conseguiria dar movimento às peças".
Montar a estrutura foi difícil.
Com réguas de madeira, a artista
fez "ensaios no espaço". Testou as
curvaturas e os ângulos que se
contrapõem às linhas sinuosas.
"Os ângulos são propositais para acelerar o olhar das pessoas. A
ruptura das linhas dá velocidade
ao trabalho", explica.
Para duas das salas, a artista
criou esculturas nas quais, pela
primeira vez, usa cor -um vermelho forte. "Sempre usei chapas
de cobre, latão, e com seus processos de oxidação. Agora tive
vontade de usar a cor e desde o
início quis o vermelho", diz.
Iole afirma que seu trabalho se
relaciona diretamente com as
questões do construtivismo russo
e do neoconcretismo, para ela um
período fértil da arte brasileira.
"Tenho um olhar respeitoso sobre as obras de Niemeyer. O processo construtivo russo, com raras exceções, era seco e com poucas curvas. Essa sinuosidade e velocidade vem da arte brasileira. O
MAC (Museu de Arte Contemporânea) de Niterói (projeto de Niemeyer) é inacreditável. A rampa
dá uma sensação indescritível. E é
vermelha. Um dia, quando eu tiver 100 anos, talvez produza uma
coisa que seja 10% daquilo."
(CG)
Exposição: Iole de Freitas
Quando: de ter. a sex., das 12h às 20h; sáb., dom. e feriados, das 11h às 17h
Onde: Centro de Artes Hélio Oiticica (rua Luís de Camões, 68, Rio, tel. 0/xx/21/232-4213
Quanto: entrada franca
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