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A MAIOR DAS MÚSICAS
Canção ganha enquete da melhor música brasileira da história, realizada pela Ilustrada junto a personalidades e jornalistas
"Águas de Março", de Tom Jobim, vence eleição
LÚCIO RIBEIRO
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Águas de Março", de Tom Jobim (1927-1994), é considerada a
melhor música brasileira da história, de acordo com enquete realizada pela Ilustrada junto a 214
pessoas de faixas etárias diversas,
entre personalidades do meio
musical e cultural e jornalistas.
A pergunta "Qual a melhor música brasileira de todos os tempos", englobando MPB e as várias
vertentes do pop, faz parte da série de enquetes de iniciativa do caderno cultural da Folha, num
ranking do que de mais significativo se fez na música brasileira,
desde o primeiro samba gravado,
"Pelo Telefone", de 1917, até o
mais recente disco do Pato Fu.
Cada votante foi estimulado a
escolher suas três canções prediletas, sob critério aberto.
Em março último, a capa do álbum "Secos & Molhados" (73),
com as cabeças dos quatro membros do grupo que revelou Ney
Matogrosso servidas à mesa, foi
eleita a melhor da história.
"Águas de Março", histórica
canção de Tom Jobim composta
em 1972, venceu a enquete para a
qual foram pedidos votos que levassem em consideração letra,
melodia, conjunto, importância,
razões históricas, razões afetivas e
uma mistura disso tudo.
A música de Tom Jobim recebeu 23 votos. A segunda melhor
canção brasileira desde sempre é
"Construção" (1971), de Chico
Buarque, com 21 menções.
Jobim volta à terceira posição,
por sua parceria com Vinicius de
Moraes em "Chega de Saudade"
(1958). Marco fundador da bossa
nova, na voz de João Gilberto, teve 18 votos. Tom reaparece ainda
duas vezes entre as dez mais.
"Retrato em Branco e Preto"
(1968, em parceria com Chico
Buarque) fica em sexto lugar, empatada com "Detalhes" (1971, de
Roberto e Erasmo Carlos) e "As
Rosas Não Falam" (de Cartola,
gravada pelo autor em 1976).
"Garota de Ipanema" (1963,
também com Vinicius) divide o
sétimo lugar com "Asa Branca"
(1947, Luiz Gonzaga e Humberto
Teixeira) e "Domingo no Parque"
(1967, Gilberto Gil).
"Corcovado" (1960) e "Desafinado" (1958, com Newton Mendonça) participam de um empate
entre sete canções, na nona colocação, e "Wave" (1967) aparece
com outras seis no décimo lugar.
Somando os votos obtidos por
cada autor da MPB em suas várias
canções, Jobim também dispara
na frente. Recebeu 110 menções,
contra 69 ao segundo colocado
-Chico, de novo. O terceiro é Vinicius de Moraes, com 48 lembranças por suas parcerias com
Tom, Chico, Baden Powell, Edu
Lobo, Carlos Lyra e Toquinho.
O quarto lugar é dividido entre
o tropicalista Caetano Veloso e o
azarão Jorge Ben (nenhum voto
para a fase Ben Jor): 34 menções.
A dupla mais bem-sucedida da
história do pop nacional ocupa a
quinta vaga do ranking. Roberto
Carlos e Erasmo Carlos levaram
24 votos cada um, porque apenas
canções compostas pelos dois em
parceria foram lembradas.
As mulheres chegam em desvantagem à lista. Rita Lee recebeu
15 votos (majoritariamente por
suas músicas com os Mutantes),
empatando em 11º com Cartola
entre autores mais votados.
Por fim, a galeria de autores da
MPB oscila quanto ao número de
canções lembradas de cada um.
Tom e Chico estão novamente na
frente, agora empatados -cada
um teve 32 músicas citadas pelos
votantes.
O segundo lugar vai para Jorge
Ben, que só tem "Mas que Nada"
(1963) na lista das mais mais, mas
acumula votos para 22 músicas
diferentes. Caetano o segue de
perto, com 20 músicas votadas.
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