São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2001

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APAGÃO

Não há cancelamento de espetáculos, mas busca por equipamentos pode causar aumento no preço de ingressos

Geradores garantem calendário cultural

DA REPORTAGEM LOCAL

Produtores culturais e proprietários de teatro garantem que as medidas de racionamento de energia decretadas anteontem pelo governo, prevendo a restrição do "fornecimento provisório" para o setor de entretenimento, não irão afetar o calendário cultural da cidade e tampouco provocar aumento no preço dos ingressos.
Para a manutenção do calendário de shows e espetáculos, a alternativa adotada é o aluguel e a compra de geradores de energia. Entretanto, a médio prazo, a disputa pelos geradores pode causar aumento nos preços e, assim, nos ingressos.
Segundo Fernando Altério, presidente da Corporação Internacional de Entretenimento (CIE), proprietária dos teatros Abril, Jardel Filho, Ópera, Credicard Hall, DirecTV e ATL (Rio), a empresa está adquirindo novos geradores para se adequar à crise de energia.
Segundo Altério, "já possuímos geradores que garantem o funcionamento da maioria de nossos teatros; naqueles onde há risco, estamos buscando formas de viabilizar sua independência".
É o caso do DirecTV Hall, sede do Chivas Jazz Festival, em junho. "Temos lá um gerador com 150 kVA de potência, vamos trocá-lo por um com 300 kVA", diz Altério, que afirma que os preços não serão alterados por essa razão.
Um possível problema é o show internacional que a CIE programa para outubro -que ainda não pode ser divulgado- e que deve ser organizado em um estádio. "Nossos geradores têm capacidade para luz e som do palco, mas não para as áreas comuns", explica Altério.
Já o produtor Roberto Medina diz que faz uso de geradores de energia para abastecer seus eventos desde o Rock in Rio 2, em 1991. Segundo Medina, que prepara o evento Made in Brasil para o segundo semestre, na Cidade do Rock, a medida foi tomada para dar maior segurança. O produtor afirma que conquistou um benefício: "O custo do gerador se revelou menor do que o do abastecimento convencional".
Ronaldo Deja, produtor do Festival de Reggae que acontece este final de semana no Anhembi, em São Paulo, também irá utilizar geradores no evento. Os aparelhos foram alugados, antes da resolução do governo, por R$ 10 mil. O produtor minimiza o valor do aluguel frente ao custo total do evento: R$ 500 mil. "O gerador já seria usado como segurança. Não faz sentido repassar esse custo para o ingresso", diz.
Para um cenário mais prolongado, no entanto, Deja faz previsões menos otimistas. "Com certeza, a falta de energia vai causar problemas sérios para o show business brasileiro. No mercado de geradores, o que custava R$ 10 mil vai passar a custar R$ 30 mil. Vai ser difícil conseguir equipamento para o segundo semestre", aposta.
Deja vê também impacto no agendamento de eventos. "Produtores e empresários vão ficar em dúvida antes de fechar um show de uma grande atração internacional", afirma.
A Poit Energia, empresa que fornece os geradores para o Festival de Reggae, diz que a procura aumentou nos últimos dias e que não tem condições de atender à demanda por geradores, sobretudo os de grande porte. "Os empresários estão muito preocupados", diz Rebeca Cassab, assessora de marketing da empresa.



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