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APAGÃO
Não há cancelamento de espetáculos, mas busca por equipamentos pode causar aumento no preço de ingressos
Geradores garantem calendário cultural
DA REPORTAGEM LOCAL
Produtores culturais e proprietários de teatro garantem que as
medidas de racionamento de
energia decretadas anteontem pelo governo, prevendo a restrição
do "fornecimento provisório" para o setor de entretenimento, não
irão afetar o calendário cultural
da cidade e tampouco provocar
aumento no preço dos ingressos.
Para a manutenção do calendário de shows e espetáculos, a alternativa adotada é o aluguel e a
compra de geradores de energia.
Entretanto, a médio prazo, a disputa pelos geradores pode causar
aumento nos preços e, assim, nos
ingressos.
Segundo Fernando Altério, presidente da Corporação Internacional de Entretenimento (CIE),
proprietária dos teatros Abril, Jardel Filho, Ópera, Credicard Hall,
DirecTV e ATL (Rio), a empresa
está adquirindo novos geradores
para se adequar à crise de energia.
Segundo Altério, "já possuímos
geradores que garantem o funcionamento da maioria de nossos
teatros; naqueles onde há risco,
estamos buscando formas de viabilizar sua independência".
É o caso do DirecTV Hall, sede
do Chivas Jazz Festival, em junho.
"Temos lá um gerador com 150
kVA de potência, vamos trocá-lo
por um com 300 kVA", diz Altério, que afirma que os preços não
serão alterados por essa razão.
Um possível problema é o show
internacional que a CIE programa
para outubro -que ainda não
pode ser divulgado- e que deve
ser organizado em um estádio.
"Nossos geradores têm capacidade para luz e som do palco, mas
não para as áreas comuns", explica Altério.
Já o produtor Roberto Medina
diz que faz uso de geradores de
energia para abastecer seus eventos desde o Rock in Rio 2, em 1991.
Segundo Medina, que prepara o
evento Made in Brasil para o segundo semestre, na Cidade do
Rock, a medida foi tomada para
dar maior segurança. O produtor
afirma que conquistou um benefício: "O custo do gerador se revelou menor do que o do abastecimento convencional".
Ronaldo Deja, produtor do Festival de Reggae que acontece este
final de semana no Anhembi, em
São Paulo, também irá utilizar geradores no evento. Os aparelhos
foram alugados, antes da resolução do governo, por R$ 10 mil. O
produtor minimiza o valor do
aluguel frente ao custo total do
evento: R$ 500 mil. "O gerador já
seria usado como segurança. Não
faz sentido repassar esse custo para o ingresso", diz.
Para um cenário mais prolongado, no entanto, Deja faz previsões
menos otimistas. "Com certeza, a
falta de energia vai causar problemas sérios para o show business
brasileiro. No mercado de geradores, o que custava R$ 10 mil vai
passar a custar R$ 30 mil. Vai ser
difícil conseguir equipamento para o segundo semestre", aposta.
Deja vê também impacto no
agendamento de eventos. "Produtores e empresários vão ficar
em dúvida antes de fechar um
show de uma grande atração internacional", afirma.
A Poit Energia, empresa que
fornece os geradores para o Festival de Reggae, diz que a procura
aumentou nos últimos dias e que
não tem condições de atender à
demanda por geradores, sobretudo os de grande porte. "Os empresários estão muito preocupados", diz Rebeca Cassab, assessora de marketing da empresa.
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