São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

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Irmãos Dardenne retratam família à margem do mundo em "L'Enfant"

DO ENVIADO A CANNES

"L'Enfant" (a criança), dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, é o novo filme com muitas chances de arrebatar o júri. Apesar da imensa diferença formal com o filme de Jarmusch, também aborda o tema da paternidade. Não é simples coincidência, como não é também o fato de vários filmes em competição terem a família como base da sua ficção. As similitudes revelam que o festival é, além de uma mostra interessada em exibir a diversidade da produção mundial, uma espécie de curadoria, que pretende fazer os filmes dialogarem.
Em "L'Enfant", um rapaz miserável, que vive nas ruas praticando pequenos roubos, como um personagem de Truffaut, de repente se torna pai. Precisa, então, cuidar desse filho que, afinal, coloca em xeque a sua liberdade e o seu nomadismo. Com a namorada, forma uma estranha família, que não tem direito para onde ir e anda pela cidade empurrando um carrinho de bebê. Um dia, o rapaz decide vender o bebê. "Podemos fazer outro", diz à namorada.
Os irmãos Dardenne concebem de modo comovente os dois personagens centrais, vivendo às margens do mundo. São também muito bem-sucedidos no modo como desenvolvem esta difícil e arriscada história, com tantas chances de tombar no sentimentalismo e no populismo -o que nunca ocorre. O ator principal, Jérémie Renier, tem uma das mais brilhantes atuações do festival.
Todos esses méritos levam "L'Enfant" para a linha de frente da premiação de Cannes, onde os belgas já ganharam a Palma de Ouro em 99 (por "Rosetta") e são renomados pelas recompensas conseguidas para os atores, como Emilie Dequenne (melhor atriz em 99) e Olivier Gourmet (ator em 2002, por "O Filho"). (ALN)


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