|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Irmãos Dardenne retratam família à margem do mundo em "L'Enfant"
DO ENVIADO A CANNES
"L'Enfant" (a criança), dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc
Dardenne, é o novo filme com
muitas chances de arrebatar o júri. Apesar da imensa diferença
formal com o filme de Jarmusch,
também aborda o tema da paternidade. Não é simples coincidência, como não é também o fato de
vários filmes em competição terem a família como base da sua
ficção. As similitudes revelam que
o festival é, além de uma mostra
interessada em exibir a diversidade da produção mundial, uma espécie de curadoria, que pretende
fazer os filmes dialogarem.
Em "L'Enfant", um rapaz miserável, que vive nas ruas praticando pequenos roubos, como um
personagem de Truffaut, de repente se torna pai. Precisa, então,
cuidar desse filho que, afinal, coloca em xeque a sua liberdade e o
seu nomadismo. Com a namorada, forma uma estranha família,
que não tem direito para onde ir e
anda pela cidade empurrando um
carrinho de bebê. Um dia, o rapaz
decide vender o bebê. "Podemos
fazer outro", diz à namorada.
Os irmãos Dardenne concebem
de modo comovente os dois personagens centrais, vivendo às
margens do mundo. São também
muito bem-sucedidos no modo
como desenvolvem esta difícil e
arriscada história, com tantas
chances de tombar no sentimentalismo e no populismo -o que
nunca ocorre. O ator principal, Jérémie Renier, tem uma das mais
brilhantes atuações do festival.
Todos esses méritos levam
"L'Enfant" para a linha de frente
da premiação de Cannes, onde os
belgas já ganharam a Palma de
Ouro em 99 (por "Rosetta") e são
renomados pelas recompensas
conseguidas para os atores, como
Emilie Dequenne (melhor atriz
em 99) e Olivier Gourmet (ator
em 2002, por "O Filho").
(ALN)
Texto Anterior: Longa brasileiro ganha recepção calorosa Próximo Texto: Mondo Cannes Índice
|