São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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Música

Moçambique une disco, black music e eletrônica

Produtor brasiliense lança surpreendente segundo CD, "La Rumba Computer"

O álbum tem 13 faixas compostas para as apresentações ao vivo que o artista realizou nos últimos três anos


Danilo Verpa/Folha Imagem
O brasiliense Nego Moçambique, que lança seu segundo disco


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Diz a tradição da música pop que um artista lança um disco e em seguida excursiona tocando as faixas desse disco. O brasiliense Marcelo Martins não é avesso às tradições. Adotou o nome artístico Nego Moçambique em referência às origens de seus ascendentes; além disso, coloca em suas músicas influências clássicas da black music e da disco. Mas, na hora de montar seus shows, ele não escuta o que diz a tradição.
Nesta semana chega às lojas o segundo álbum de Nego Moçambique. "La Rumba Computer" é uma surpreendente coleção de ritmos dançantes, elaborados tanto por meio de batidas percussivas quanto por sintetizadores e efeitos eletrônicos.
O produtor de 34 anos apresenta-se hoje em São Paulo, no clube Vegas. Mas... quantas das 13 faixas de "La Rumba Computer" poderão ser ouvidas?
"Umas três ou quatro", diz. "Sei que há uma certa pressão para tocar as músicas do CD, então vou esperar a reação do público. Se quiserem mais músicas do disco, eu toco."
Não é que Moçambique renegue o álbum -para ele, gravar um disco é como encerrar um ciclo. "É um registro, é uma maneira de deixar um período para trás. Para mim, as músicas parecem antigas. Só para gravar e masterizar eu ouço cada faixa umas 600 vezes", brinca.
"La Rumba Computer" pode ser considerado uma coleção porque a maioria de suas 13 faixas foram produzidas nos últimos três, quatro anos -ou desde o lançamento do primeiro CD, homônimo, no final de 2003. Assim que finalizava uma música, Moçambique já a apresentava ao vivo.
"Passei os últimos anos fazendo muito live PA [Moçambique não é DJ; ele toca ao vivo, com o auxílio de, por exemplo, sintetizador e sampler -equipamento que armazena sons em sua memória para serem reproduzidos depois]. Como toco muito em clubes, tenho que produzir muitas faixas, pois não sou DJ, não toco músicas de outras pessoas. Como tinha muita coisa pronta, chegou o momento de fazer o disco."
Sobre sua forma de fazer shows, cita o desejo por novidade que é particular da dance music. "A música eletrônica está conectada à velocidade dos dias de hoje. Lança-se uma faixa atrás da outra. As pessoas querem ouvir coisas novas."
Talvez o principal mérito de Nego Moçambique seja a forma como ele junta black music, funk, soul, disco e um pouco de ritmos latinos sobre bases eletrônicas e fazer disso música contemporânea, que não fica presa às épocas passadas. Com isso, "La Rumba Computer" ainda tem o trunfo de ser um álbum aberto, pop.
"Sempre ouvi funk, Deodato, Raul de Souza, Tim Maia. Não quero tocar apenas para os amantes da eletrônica. Quero que pessoas que não gostem de house, por exemplo, fosse nas festas e conferissem o que se faz." Ele explica: "Queria fazer algo orgânico, como se músicos estivessem tocando aquilo."
Uma das faixas do álbum, "Dancingsubatomicmonkeyflava", tem vocal de Thalma de Freitas. "Sempre quis trabalhar com cantoras, mas tinha receio, porque a maioria delas tem essa coisa de querer parecer Elis Regina, ou de ser muito MPB. Já a Thalma não tentou aparecer, mostrar que cantava demais. Foi muito precisa."


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