São Paulo, segunda, 18 de maio de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice MULTIMÍDIA Painéis eletrônicos levam arte para as ruas
CELSO FIORAVANTE da Reportagem Local Vai ser muito rápido. Não vai durar nem dez segundos, mas você vai percebê-las. As imagens vão entrar na sua cabeça. O sinal vai então se abrir e, no seu carro, você continuará, até encontrar aquelas imagens novamente, talvez, em uma outra rua da cidade. A partir de amanhã, uma parada em um semáforo poderá se tornar uma experiência estética. Tudo isso porque vai começar a segunda edição do Philips Eletromídia da Arte, evento que apresentará em painéis eletrônicos em São Paulo, Rio e outras 12 cidades brasileiras obras criadas por 12 conceituados artistas brasileiros, organizados em três blocos. O primeiro deles fica em cartaz de amanhã a 18 de junho, com trabalhos de Arcangelo Ianelli, Daniel Senise, Rubens Gerchman e Luiz Henrique Vieira. De 19 de junho a 18 de julho, cedem lugar às obras de Waltercio Caldas, Nicolas Vlavianos, Hércules Barsotti e Leo Piló. A última etapa, entre 19 de julho e 18 de agosto, vai expor Tunga, Macaparana, Carlos Vergara e Mário Cravo. Cada artista terá 180 inserções de cerca de 10 segundos por dia (5.400 exposições no mês). A Eletromídia cobra R$ 14.000 por 360 inserções por dia (10.800 no mês). Vai ter de tudo um pouco: telas que se organizam e desorganizam no painel (Ianelli e Barsotti), microvídeos (Gerchman e Tunga), passeios virtuais dentro de esculturas (Vlavianos), obras animadas (Leo Piló e Macaparana). Rubens Gerchman, por exemplo, optou por criar um pequeno ser com duas rodas que passeia pela tela. "Pensei em algo com que as pessoas se identificassem e que tivesse clareza urbana", disse. Seu trabalho, criado diretamente no computador a partir de um "story-board" recupera parte de sua experiência com cinema, já que traz narrativa, movimento, detalhes, e "zooms". Nicolas Vlavianos optou pela transposição de sua escultura "Natureza Brasileira", em exposição em Chicago. Na nova mídia, é possível passear por dentro da obra, o que é impossível na vida real, mesmo com as escalas monumentais da obra (2m x 2,5m x 4m). "Achei interessante poder passear dentro da peça, como apenas um pássaro poderia fazê-lo", disse. Tunga, que não se contenta com pouco, utiliza um verso do poeta francês Rimbaud -"Eu sou o outro"- para questionar em um microvídeo a falta de identidade do homem contemporâneo. O trabalho apresenta o ator Paulo César Pereio perguntando "Quem é você?". "Também é sobre a surdez desse tipo de mídia, já que o espectador deverá ouvir o silêncio". O trabalho revela ainda uma característica do trabalho de Tunga, que é a reincorporação da própria obra. Há 11 anos, Pereio fazia o papel do próprio Tunga no vídeo "Nervo de Prata", de Arthur Omar, sobre a obra do artista. Os artistas envolvidos no projeto parecem satisfeitos com este tipo de exposição pública. Macaparana, por exemplo, que transpôs um díptico para o painel, acha que a mídia consegue capturar a sensação de movimento e sequência que já existe em seu trabalho, composto por massas cromáticas uniformes e linhas geométricas. O artista recifense sugere que, depois do evento, o projeto prossiga e transmita imagens de acervos de museus e de exposições. Os painéis estarão distribuídos por São Paulo (14 painéis), Rio (três painéis), Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Manaus, Belém, Cuiabá, Osasco, Santos, Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto. Evento: lançamento do Philips Eletromídia da Arte - 2ª Exposição Virtual Onde: Museu da Casa Brasileira (av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705) Quando: amanhã, às 19h30 Quanto: entrada franca Patrocínio: Philips Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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