No céu de maio, a Lua cresce em Câncer, e Saturno mantém um estranho relacionamento com Plutão. Enquanto isso, aqui na Terra os seres humanos vivem num estado de, na melhor das hipóteses, pacífico desespero, pois não conseguem realizar a imagem perfeita que fazem de si mesmos, tendo a realidade cotidiana a contradizê-los o tempo inteiro.
Uma coisa é o que eles pensam que a vida devia ser, outra diferente é o que a vida é de fato. As construções mentais, e também as morais, foram sempre muito úteis para a arquitetura das sociedades, pois é por meio delas que pode ser superado o estado de pura barbárie.
No entanto, a paixão dos instintos que foi recalcada transformou-se na paixão pela moralidade, imaginando-se um mundo perfeito, onde as coisas são como deviam ser. O "dever ser" é todo um tratado de regras e normas morais que na melhor das hipóteses é pueril ou ingênuo, mas que no pior dos casos é puramente hipócrita.
Aquelas almas flexíveis que superam a gaiola do excesso de moralidade passam a existir com um pouco mais de alegria, pois não se ocupam em tentar fazer valer um mundo perfeito que a realidade nega. A existência humana é imperfeita, mas não por isso menos bela.

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