São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Suavidade dá o tom do segundo dia de desfiles da SPFW

Zoomp e Patachou são os destaques na passarela; Ellus 2nd Floor, que reúne jovens estilistas, faz sua estréia no evento

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

JACKSON ARAUJO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Começou morno o segundo dia da São Paulo Fashion Week, ontem. O evento, que mostra 27 desfiles para o verão 2005, trouxe no início da tarde a marca da estilista Terezinha Santos para sua Patachou, que deu o tom suave que se estenderia até o início da noite.
Forte na malharia, ela decora suas novas tramas com cristais para o verão. A coleção traz volumes suaves nos vestidos godês a partir do busto -a nova mania das passarelas da SPFW-, babados e saias de perfume boêmio. Ao final, a mistura de estampas domina, reforçando o romantismo e o frescor da coleção. Entre os materiais, a novidade fica com o índigo bem leve, na calça enrolada pelo joelho, e com jeans branco na jaquetinha de Yasmin Brunet.
A cartela de cores começa nos tons de pele, evolui para os rosas, chega ao vermelho, para finalmente explodir em estampas que se misturam, também uma das tendências mais fortes para o verão 2005.
Jum Nakao viria a seguir, fazendo seu público esperar 45 minutos para ver uma performance de moda, com as modelos de malhas inteiriças pretas vestindo roupas de papel. As formas são bem construídas e certamente devem ter dado trabalho para fazer. No final, as modelos rasgaram as roupas. Este não é um bom momento para abordagens conceituais e manifestos, muito menos na SPFW, um evento focado no mercado e que orienta o varejo. Numa galeria de arte ou galpão, tudo bem. Jum tem muito o que mostrar, como estilista de roupas de verdade. Seu protesto contra "o sistema" parece fora de hora e de lugar. Roupas, por favor.
A Zoomp veio em seguida, com coleção inspirada no filme "A Lagoa Azul" e na imagem da atriz Brooke Shields. "Não tinha tido oportunidade de ver uma coleção tão harmoniosa nesses 30 anos de marca", diz Renato Kherlakian, dono da Zoomp. Tendo Liliane Ferrarezi abrindo o desfile, as meninas interpretaram com suavidade uma cartela feita de brancos, muitos azuis e também muitos neutros (o matiz perolado remetia às bodas de pérola da grife, seus 30 anos de existência).
Tem muito produto, a Zoomp, e a beleza é comercial e acessível. Sem maiores arroubos de criatividade, os momentos mais expressivos do verão da marca estão nos paletozinhos usados com shortinhos, na nova calça jeans, bem lavada e bem confortável; mais esfuziante, no sensual vestido tomara-que-caia de Constantine. Na mesma modelo, o ótimo vestido safári de tricô ganha como acessório a releitura da famosa bolsa porta-calçados, hit da Zoomp nos anos 80.
O estilista Mario Queiroz trouxe para a passarela um desfile escapista, brincando com a inspiração "Jardim das Delícias". Na passarela decorada com flores tropicais e televisores com imagens de céu, o estilista vem bem mais leve e se livra dos exercícios de alfaitaria. Caftans, sarouel, bermudas e tangas trazem estampas de flores e pássaros sobre fundo branco. O preto -que está sendo tratado como novidade de verão- pontua a apresentação, nos tricôs, nas t-shirts de listras tipo Hang Ten e na calça ampla.
Uma das promessas de frescor mais promissoras desta São Paulo Fashion Week era a estréia dos estilistas do clã Ellus 2nd Floor. Poderia ter sido tão sensacional quanto a cenografia-um absurdo rinoceronte cor-de-rosa que subia e descia como um carrossel de circo. Mas ficou chato. No styling asséptico de Mauricio Ianes, as criações dos jovens estilistas viraram uma coisa só. Tudo era em branco, verde-menta, gelo, rosa e pink. Moderno, sim, como as bermudas, os shorts, as saiotas, as calças de estampas lavadas, o agasalho com jeito de usado em tom de lavanda... Peças soltas, meio sem identidade. Quando os modelos entraram livres para os aplausos finais tudo pareceu mais relaxado e jovem, confirmando que a moda não precisa mais de personagens engessados.
Eduardo Suppes fechou a noite de desfiles com Michelle Alves abrindo a apresentação em vestido volumoso de estampa gráfica, quase étnica-uma das paixões do estilista, que agora tomam forma e começam a desenhar seus desejos de moda. Funcionam os volumes amplos, os paetês e as regatas. Sem cintos de tachas.


Texto Anterior: Erika Palomino
Próximo Texto: Fashionista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.