São Paulo, sábado, 18 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Solista ainda não brilha como compositor

ESPECIAL PARA A FOLHA

Wynton Marsalis e a Lincoln Center Jazz Orchestra não costumam divulgar previamente os programas de seus concertos. Mas quem assistiu à última apresentação do trompetista e sua big band por aqui, em 2000, já tem uma idéia aproximada do que se ouvirá no Ibirapuera e na Sala São Paulo.
Empenhado em sua missão de exibir o jazz pelo mundo como uma arte séria, digna de freqüentar grandes salas de concerto, Marsalis imprime um tom bastante didático às apresentações da LCJO. Os programas pretendem cobrir a história do jazz, desde suas raízes até os estilos tradicionais e modernos.
Para traçar esse panorama musical, Marsalis conta com arranjos de temas clássicos, compostos por mestres como Louis Armstrong, Duke Ellington, Benny Goodman e Dizzy Gillespie. Ele também toca composições próprias ou de alguns integrantes da orquestra.
O único problema está na visão um tanto conservadora de Marsalis, que despreza o jazz mais próximo da vanguarda, desenvolvido a partir dos anos 60. Basta ver como sua limitada concepção influenciou o documentário de Ken Burns ("Jazz", 2000). Vendo esse filme, fica-se com a impressão de que nada aconteceu na cena do jazz após a década de 50.
Até que nos últimos anos Marsalis tem dado mostras de que sua visão musical está se alargando. Como a recente gravação que ele e a LCJO fizeram de "A Love Supreme", de John Coltrane.
Ironicamente, apesar de seu incontestável brilho como solista, Marsalis ainda não se estabeleceu como um grande compositor. Em cerca de 40 discos, já exibiu inúmeras composições que lhe renderam prêmios. Mas até hoje não se ouve seus temas serem tocados por outros músicos. Será que no futuro o tão influente embaixador do jazz não vai figurar nos programas dos concertos ao lado de seus mestres? (CC)


Texto Anterior: Música: Wynton Marsalis vai do erudito ao popular
Próximo Texto: Brasileiros levam sua música ao Sónar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.