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Solista ainda não brilha como compositor
ESPECIAL PARA A FOLHA
Wynton Marsalis e a Lincoln Center Jazz Orchestra
não costumam divulgar previamente os programas de
seus concertos. Mas quem
assistiu à última apresentação do trompetista e sua big
band por aqui, em 2000, já
tem uma idéia aproximada
do que se ouvirá no Ibirapuera e na Sala São Paulo.
Empenhado em sua missão de exibir o jazz pelo
mundo como uma arte séria,
digna de freqüentar grandes
salas de concerto, Marsalis
imprime um tom bastante
didático às apresentações da
LCJO. Os programas pretendem cobrir a história do jazz,
desde suas raízes até os estilos tradicionais e modernos.
Para traçar esse panorama
musical, Marsalis conta com
arranjos de temas clássicos,
compostos por mestres como Louis Armstrong, Duke
Ellington, Benny Goodman
e Dizzy Gillespie. Ele também toca composições próprias ou de alguns integrantes da orquestra.
O único problema está na
visão um tanto conservadora de Marsalis, que despreza
o jazz mais próximo da vanguarda, desenvolvido a partir dos anos 60. Basta ver como sua limitada concepção
influenciou o documentário
de Ken Burns ("Jazz", 2000).
Vendo esse filme, fica-se
com a impressão de que nada aconteceu na cena do jazz
após a década de 50.
Até que nos últimos anos
Marsalis tem dado mostras
de que sua visão musical está
se alargando. Como a recente gravação que ele e a LCJO
fizeram de "A Love Supreme", de John Coltrane.
Ironicamente, apesar de
seu incontestável brilho como solista, Marsalis ainda
não se estabeleceu como um
grande compositor. Em cerca de 40 discos, já exibiu inúmeras composições que lhe
renderam prêmios. Mas até
hoje não se ouve seus temas
serem tocados por outros
músicos. Será que no futuro
o tão influente embaixador
do jazz não vai figurar nos
programas dos concertos ao
lado de seus mestres?
(CC)
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