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COMIDA
Infusão festiva
Bebida espanhola terá lugar de destaque no bar do novo restaurante Dui em combinações que levam Cava , licores e até minirrosas; veja onde tomar sangria em São Paulo e como acertar na hora de prepará-la em casa
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ser um ponto de encontro
para degustação de tapas está
entre as aspirações do bar do
Dui, a nova casa de Bel Coelho,
com previsão de abertura no
início de julho. Lá, os bocados
espanhóis poderão ser "picados" com a mais festiva das bebidas espanholas, a sangria.
"Os espanhóis tomam essa
bebida em comemorações informais. É um pouco o clima
que queremos passar no bar",
diz a chef Bel Coelho, 30.
Tida como simples em sua
origem, quando consistia na
mistura de um vinho tinto de
mesa, local e barato, com frutas
da estação, a sangria foi se flexibilizando e ganhando novos ingredientes ao longo dos anos.
"Toda a Espanha bebe sangria, e cada família tem sua receita. Ao contrário de outros
coquetéis, esse não é individual. É uma bebida para compartilhar. Tem esse aspecto de
festividade", diz Susana Jhun,
38, professora do curso de tecnologia em bebidas da Universidade Anhembi Morumbi.
Se tradicionalmente a sangria era feita com vinho tinto,
hoje há versões que o substituem por vinho branco, espumante ou rosé. Algumas levam
ainda um toque de bebidas
destiladas ou licores.
"A adição de gim, brandy ou
Cointreau eleva o ter alcoólico,
mas a função primordial é perfumá-la", diz Gerson Bonilha
Jr., 34, professor de estudo de
bebidas e serviços de sala e bar
do Centro Universitário Senac.
Infusão em vinho bom
O acréscimo de frutas cítricas, de um bocado de açúcar, de
uma dose de fortificante e de alguma bebida gasosa não justifica o emprego de um vinho de
qualidade inferior no preparo
da sangria, segundo os especialistas ouvidos pela Folha.
"Precisa usar um vinho bom.
Não dá para fazer com aquele
de garrafão. Você usa frutas de
sabor delicado, com acidez e
doçura. Um vinho ruim estraga
tudo", diz a consultora Heloisa
Mader, 43, responsável pela
criação das sangrias do Dui em
parceria com Beto Ferreira.
A professora de tecnologia
em bebidas diz que a associação entre a qualidade do vinho
e a da sangria é direta. "É claro
que não vamos usar o mais sofisticado do mundo. Um bom
exemplar simples é suficiente."
Se há consenso em relação à
qualidade do vinho, o mesmo
não ocorre quando o assunto é
o tempo que as frutas devem ficar macerando. Alguns sugerem adicioná-las por um curto
período, instantes antes de a
sangria ser consumida.
"Até os espanhóis divergem
nesse ponto. Há famílias que
deixam as frutas marinando
uma noite inteira com o brandy
e um pouco de vinho. Eu não
gosto, porque as frutas ficam
tingidas, com uma apresentação ruim. Mas fica extremamente saborosa", diz Susana.
A proprietária do Toro, Daniela Hispagnol, 32, diz que é
melhor fazer na hora. "Depois
coloca o gelo, dá uma mexida e
ela vai curtindo ali, na mesa."
Outros defendem deixar as
frutas descansarem no vinho
por um tempo maior. "É bom
fazer e deixá-las em infusão
por, no mínimo, uma hora, porque a bebida tende a pegar
mais o gosto, o aroma", diz
Edilson Melo, 43, maître do
Don Curro. "Mas se perder o
tempo da fruta, ela pode amargar e ficar com uma cor feia."
A adição de água com gás,
Club Soda ou Soda Limonada,
porém, deve ocorrer instantes
antes de a sangria ser servida
para preservar as borbulhas.
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