São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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Dicionário funciona como "facilitador"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Todo dicionário é de uso: se não se usa a palavra, ela não está dicionarizada", diz o filólogo pernambucano Evanildo Bechara.
Longe dele, porém, fazer pouco caso do trabalho do linguista Borba. Para o pernambucano, 74, autor da "Moderna Gramática Portuguesa" e membro da Academia Brasileira de Letras, a assinatura de Borba é uma credencial indubitável. "A gente sabe, tecnicamente, que a expressão quer dizer "de uso mais frequente'", explica.
Com a frase acima, porém, ele explicita uma questão que ronda o "DUP": a lacuna que ele visa preencher não é tão clara.
O professor e colunista da Folha Pasquale Cipro Neto, 47, dá uma dica: por partir de um recorte mais contemporâneo, o "DUP" funcionaria como uma espécie de "peneira", um "facilitador, no bom sentido, do uso da língua", uma vez que eliminaria as definições pouco usuais, presentes em léxicos mais enciclopédicos.
Na opinião de Bechara, "um dicionário como esse tem de estar na cabeceira de todas as pessoas que trabalham com a língua, que escrevem, que falam em público", e cita similares em outros idiomas, como o Maria Moliner, de espanhol, e o Oxford, de inglês.
No entanto, para profissionais que lidam com o português diariamente, nem sempre a falta que um dicionário como o "DUP" faz se mostra de forma imediata. É o caso das tradutoras Roberta Barni e Rosa Freire d'Aguiar, por exemplo. Ouvidas pela Folha, elas dão as boas-vindas ao "DUP" como a qualquer outro dicionário.
Mesmo Borba acha que "mais um dicionário é sempre bom", desde que seja complementar aos que já existem. É essa complementaridade que não fica evidente -ao menos enquanto o "DUP" não ganha corpo.
Tanto Barni como D'Aguiar dizem se ressentir, no trabalho diário, da falta de dicionários mais específicos, que adicionem precisão ao exercício de verter originais para o português, como dicionários técnicos, etimológicos, que tragam datação dos termos.
Frisando que as falhas e qualidades de um dicionário só podem ser avaliadas depois de meses de uso, D'Aguiar, sugere: "Talvez esse dicionário seja mais para um público estudantil". (FA)



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