São Paulo, sábado, 18 de julho de 1998

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MÚSICA
Apenas cantoras se apresentam em festival nos EUA
Lilith Fair faz shows "só para meninas"

ALESSANDRA BLANCO

de Nova York

Se fosse preciso encontrar uma definição para a Lilith Fair 1998, talvez a melhor fosse uma mistura de feira de bugigangas, dessas que se encontra em todas as praias do litoral norte paulista, com um fes tival de música, só que apenas com vozes femininas.
O festival, que pelo segundo ano rodou várias cidades dos EUA, te ve duas apresentações nesta semana em Long Island, Nova York, como parte da programação de Jones Beach, a praia que vira palco durante o verão. De certa forma, pode-se dizer que a Lilith Fair é diferente de tudo o que já se viu. Além de contar apenas com cantoras ou bandas femininas, seu público também é formado 90% por mulheres, o que cria um clima bastante peculiar. Durante as sete horas de duração do festival, encontra-se desde adolescentes do estilo ''fashion'' ou num visual ''hippie saudoso'' mais interessadas nas barracas de bijuterias, discos e tatuagem de hena do que no show propriamente dito até casais de lésbicas à beira da histeria ao constatar a entrada no palco da estrela do festival, a cantora canadense Sarah McLach lan, berrando incessantemente ''I love you, Sarah''. O show contou com a presença de 11 bandas de mulheres, com apresentações variando de 20 a 50 minutos. Logo no início da tarde, a desconhecida Heather Nova cha mou a atenção do público com sua voz e guitarra fortes. Um pouco depois, a banda Mor cheeba, que já está entre as primeiras em vendas de discos em Nova York, lotou a platéia do palco secundário. Ao mesmo tempo, Tracy Bonham dava início aos shows no palco principal, tocando violino sobre guitarras elétricas. Como não poderia ser diferente, a me lhor parte de sua apresentação foi também com sua melhor música, ''Mother, Mother'', que narra o telefonema de uma garota colegial para sua mãe admitindo que continua dependente de seus pais, mas ao mesmo tempo tentando se virar sozinha.
Em seguida, subiu ao palco principal Missy Elliott, uma banda de hip-hop em que a vocalista levou mais tempo trocando roupas du rante a apresentação ou correndo no meio do público do que cantando. Indigo Girls, uma dupla de cantoras de Atlanta, quebrou o clima, apresentando sua música country e trocando de instrumentos acús ticos, como violão, bandolim e banjo, durante toda a apresenta ção. O show propriamente dito ocorreu nas duas últimas apresentações -Natalie Merchant e Sarah McLachlan-, quando o anfiteatro à beira-mar, com capacidade para 14 mil pessoas, ficou completamente lotado. Natalie Merchant entrou no palco pouco antes das 21h, tocou músicas de seu novo CD, ''Ophelia'', o segundo em carreira solo, após ter deixado o ''Ten Thousand Ma niacs'', e ''Jealously'' e ''Wonder'' de seu CD anterior. Seu show foi totalmente pessoal. Natalie tocou piano, brincou com uma fita, parou de cantar para rir e também para chorar.
''Emocionada'', parou também para reclamar de um helicóptero que sobrevoou o local exatamente na sua penúltima música e encerrou o show com duas crianças no palco e com um ''discurso'' em que colocou Sarah McLachlan como uma ''visionária''.
O show de Sarah McLachlan foi o auge do festival, levando aos gritos um público completamente fanático. A voz de McLachlan realmente é maravilhosa o suficiente para poder ser sofisticada em uma música e baixa e sufocada, quase ''suja'', na música seguinte. Por fim, a Lilith Fair foi encerrada com todas elas no palco cantando ''What's Going On?'', de Marvin Gaye.



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