São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2000


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VIDA BANDIDA
Retidão

VOLTAIRE DE SOUZA

O tempo passa depressa. Já começou o horário eleitoral. O doutor Nereu tinha pouca paciência. Viúvo. Hábitos sedimentados. Ligou a TV. Em vez do programa habitual, os candidatos. Resmungava. "Imoralidade." Comeu uma torradinha. "Pouca vergonha." Mais vereadores. "É obsceno. Obsceno!" Sua raiva chamou a atenção da empregada Conceição. Fiel servidora dos caprichos daquele homem solitário. "O que foi, dr. Nereu?" O rosto do sexagenário estava rubro de indignação. A doméstica desabotoou seu colarinho. "Sem-vergonhice...", repetia o patrão. Nenhum dos dois sabe explicar. O beijo e o sexo se fizeram ao som dos discursos eleitorais. "Isso, Nereu. Retidão." Não existe horário para a democracia no amor.


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