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Obra de Rogério Duarte ganha projeção
Livro sobre design dos anos 60 contribui para reconhecimento do trabalho do designer gráfico
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Rogério Caos. O apelido criado pelo dramaturgo Oduvaldo
Viana Filho, o Vianinha, tenta
sintetizar o fluxo criativo do
designer, poeta e músico Rogério Duarte, 67, cuja obra vem,
pouco a pouco, ampliando seu
reconhecimento, em especial a
dos anos 60. Duarte assinou algumas das principais capas de
discos da Tropicália e de cartazes de filmes do Cinema Novo.
Ele é foco de um capítulo do
livro "O Design Gráfico Brasileiro Anos 60", organizado por
Chico Homem de Melo (Cosacnaify), e participou no começo
do mês de debate na 1ª Bienal
Brasileira de Design, em SP.
No livro, sua obra é colocada
em relevo como registro visual
do Tropicalismo e ponta de lança do design pós-moderno, entendido como movimento plural e heterogêneo.
Duarte não gosta do apelido a
ele conferido por Vianinha.
"Acho que, apesar de carinhoso, acarreta uma certa incompreensão da minha complexidade. Coloquei questões que
desafiavam o simplismo e o esquematismo, sobretudo da esquerda dos anos 60, mas nunca
fui confuso. Busquei a clareza e
a harmonia", afirma à Folha.
O designer baiano minimiza
sua produção mais famosa,
presente em álbuns e imagens
de divulgação de filmes, como
em "Caetano Veloso" (1968),
primeiro disco solo do compositor, e no clássico cartaz do filme "Deus e o Diabo na Terra do
Sol" (1964), de Glauber Rocha.
"A participação no Cinema Novo e na Tropicália foi apenas
um fragmento da minha vida",
afirma Duarte, que prepara um
manual de comunicação visual
para escolas, além de trabalhar
como artista multimídia.
Nascido em Itabira (BA),
Duarte mudou-se para o Rio
em 1960. Lá, teve aulas de design na Escola de Belas Artes e
no MAM (Museu de Arte Moderna), onde Alexandre Wollner e Otl Aicher foram alguns
de seus professores. Em 1961,
integrou a equipe de Aloisio
Magalhães -em cujo escritório
foram desenvolvidas a marca
da Fundação Bienal e toda a
identidade visual da Petrobras.
Duarte não vê com perspectiva crítica a influência de escolas modernas, como Bauhaus e
Ulm, no design feito no Brasil.
"A Escola de Ulm foi o cemitério da Bauhaus", reflete. "Ali, a
tecnocracia capitalista derrotou o que havia de espiritualidade na Bauhaus. Apesar disso,
foi importante pela transferência de tecnologia para o nosso
design "terceiro mundista'".
Sobre o desenvolvimento do
design no Brasil, Duarte é otimista. "Temos hoje no Brasil
excelentes designers gráficos,
até muito mais do que antes.
Em muitos casos, o design brasileiro é rebelde, criativo e de
grande vitalidade", afirma ele.
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