São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Coleção explora filosofia com apelo pop

Com formato e capa moderninhos, "Filosófica" traz livro de Moacyr Scliar sobre a culpa, entre outros

DA REPORTAGEM LOCAL

A filosofia havia saído dos livros e ganhado espaço em cursos de instituições como a Casa do Saber e POP (o Pólo de Conhecimento Contemporâneo, no Rio). Agora parece fazer o caminho de volta. A editora Objetiva lança a "Filosófica", coleção com papel reciclado, ilustrações moderninhas e formato menor que o habitual. A editora Isa Pessoa diz que o formato, assumidamente "pop", busca empatia com o leitor contemporâneo, "que gosta do novo, do objeto-livro, com densidade narrativa e apuro estético."
A tiragem inicial da coleção -12 mil livros- já foi toda distribuída, e a Objetiva já prepara uma reimpressão. Os primeiros três livros se debruçam sobre a culpa (Moacyr Scliar; R$ 34,90, 248 págs.), prazer (Fernando Santoro; R$ 34,90, 272 págs.) e "banalogias" (Francisco Bosco; R$ 29,90, 208 págs.).
O próprio Scliar escolheu o tema de seu livro. "É um componente inevitável da existência e que, em certas culturas e grupos, assume dimensões às vezes dramáticas. É o caso da cultura judaico-cristã. E de minha geração, que empreendeu uma militância política em grande parte movida pela culpa", diz Scliar, que fala da culpa nos sentidos religioso, psicológico, existencial, e ainda relacionada à política e literatura.
Fernando Santoro diz que, apesar de acessível, a coleção não dilui problemas filosóficos até o leitor poder "engoli-los sem nenhuma mastigada". Isso, diz ele, costuma matar a filosofia e transformar os temas em receitas vazias, dogmáticas.
"O prazer é um tema demasiado humano, interessa muito aos que o buscam e mais ainda aos que o rechaçam", diz Santoro, diferenciando a reflexão sobre o tema entre gregos (não afeitos a elucubrações metafísicas), alemães (que precisam escrever um tratado) e ingleses (que precisam analisar toda a coerência lógica do argumento). "Os gregos, do momento que descobrem uma verdade já a querem viver. A verdade chega à palavra para expressar a vida. A vida vem antes, segue durante e continua depois." (ES)


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