São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007 |
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Crítica/cinema/"Três Irmãos de Sangue" Retrato dos irmãos Betinho, Henfil e Chico Mário privilegia temas nacionais
SÉRGIO RIZZO CRÍTICO DA FOLHA O Hino Nacional Brasileiro é cantado, fora das circunstâncias habituais, em dois momentos de "Três Irmãos de Sangue": em uma festa de aniversário de dona Maria, a mãe dos personagens, no lugar de "Parabéns a Você", e no enterro do humorista Henfil. Não é uma intromissão qualquer. O tão desgastado conceito de nação -e a idéia de ação política no Hino da Independência, a de "ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil"- orienta esse documentário sobre três filhos de Henrique. Henfil (1944-1988), o músico Chico Mário (1948-1988) e o sociólogo Betinho (1935-1997) corresponderam a uma "suíte Brasil", segundo o escritor Afonso Romano de Sant'anna, e são assim lembrados, como parte de um concerto sobre cidadania, no primeiro longa de Ângela Patrícia Reiniger. Familiares, amigos e parceiros de trabalho se revezam, sempre com afeto e profunda admiração, na reconstituição das trajetórias desses "embriagados de utopia" que se engajaram em "militância permanente", como os define Frei Betto. Três blocos organizam as informações. No primeiro, evocam-se as origens da família, em Minas Gerais, e os problemas gerados pela hemofilia. No segundo, destacam-se as conexões entre os personagens e a história do país pós-1964. Por fim, e não menos politizado, o terceiro bloco trata da luta contra a Aids, transmitida a eles em transfusões de sangue, e da resistência final, mais prolongada em Betinho. A exemplo de "Encontro com Milton Santos", outra estréia da semana, a preocupação do filme com temas nacionais prevalece sobre a reconstituição meramente biográfica. O tributo recorre a muita música, como o arranjo de Wagner Tiso para "Ressurreição", de Chico Mário, interpretada pela Petrobras Sinfônica, e "O Bêbado e a Equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, que acompanha, com sua menção à "volta do irmão do Henfil", a lembrança da anistia e do retorno dos exilados. Nada mais coerente do que um espectador participante: parte da bilheteria será doada à ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids). TRÊS IRMÃOS DE SANGUE Direção: Ângela Patrícia Reiniger Produção: Brasil, 2005 Quando: em cartaz no Frei Caneca Unibanco Arteplex Avaliação: bom Texto Anterior: Com reação morna da platéia, Festival de Gramado chega ao fim Próximo Texto: Debate: Série discute a alienação feminina Índice |
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