|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Condução da
narrativa varia
da Redação
"Através da Janela" mostra cinco dias na vida da enfermeira aposentada Selma (Laura Cardoso),
uma mãe totalmente dedicada ao
filho Raí (Fransérgio Araújo).
A rotina de Selma, a partir de
certo momento, começa a ser perturbada pelas ações deste filho.
O tom da narrativa do filme vai,
segundo a cineasta Tata Amaral,
acompanhar essa transformação
na vida da personagem.
"Durante os primeiros dois dias
em que a ação se passa, o filme tem
um tom de crônica", afirma ela.
"Então, os planos são mais abertos, há planos-sequência."
Conforme a história vai se intensificando, a lente vai se fechando.
"Aí eu vou trabalhando quase que
em close, quase como em "Um
Céu de Estrelas'." O que acontece
no que a diretora definiu como o
ponto culminante da narrativa e
do tratamento visual, e que foi rodado na semana passada.
"A partir daí a câmera abre, no
quinto dia da rotina de Selma, começando a mostrar a enfermeira
de uma outra forma -não larga
do frontal dela e acompanha suas
emoções até o desfecho."
No primeiro longa da cineasta, a
câmera tinha uma presença tão
evidente na condução da narrativa
que ganhava uma personalidade
própria, servindo quase como um
personagem a mais.
"Em "Através...' a câmera não é
tão definida como personagem",
diz Amaral. "Há uma coisa mais
descritiva, em que há um equilíbrio entre a importância da personagem e a do ambiente."
Conforme o filme avança, a diretora extrai o ambiente e aproxima
a câmera de Selma. "No começo
do filme eu tenho, no som, por
exemplo, a presença do ambiente
da casa: um carro passando, um
cachorro latindo. Conforme a lente se fecha, o silêncio aumenta
-concentro-me nos sons produzidos pelos personagens e tiro os
do ambiente."
Ainda sobre as diferenças com
relação a "Um Céu de Estrelas", a
diretora diz: "O primeiro longa
tratava de emoções em explosão.
As emoções da Selma são mais internalizadas, mais contidas".
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|