São Paulo, Sábado, 18 de Setembro de 1999
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Picasso vem a São Paulo para salvar o ano do Masp


Museu recupera sua visibilidade ao exibir na próxima semana mais de 150 obras de um dos mais revolucionários artistas deste século

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

A mostra "Picasso: Anos de Guerra 1937-1945", que o Masp inaugura na segunda-feira (para convidados) e terça (para o público), tem qualidades e defeitos.
Um mérito é trazer ao país, em um ano de vacas magras, uma grande mostra do gênio espanhol. Ao todo, são mais de 150 obras (23 pinturas, 39 desenhos, 69 gravuras, três esculturas e duas matrizes em bronze), a grande maioria proveniente do Museu Picasso, em Paris, que conserva a maior coleção do artista.
Outro mérito é centrar-se em um peculiar período de sua produção artística, de 1937 a 1945, entre a Guerra Civil Espanhola e a Segunda Guerra Mundial. Não é difícil imaginar que tenha sido difícil viver em Paris e, pior, produzir arte durante a ocupação alemã da cidade.
O terceiro mérito é dar visibilidade ao Masp novamente, já que o que mais se tem visto no museu nos últimos meses são os andaimes de sua interminável reforma.
Os defeitos dizem respeito à composição da mostra, que foi curada por Dominique Dupuis-Labbé, também curadora do Museu Picasso, hoje no Beaubourg.
É sabido que, além de seu engajamento político (que se reflete em obras da mostra, como "Gato Pegando um Passarinho", de 1939), a produção no período pouco acrescentou à obra produzida nas décadas anteriores.
Picasso praticamente não desenvolveu experiências estéticas relevantes no período. Naquele momento, o cubismo, por exemplo, já havia cumprido o seu papel ao revolucionar questões como a perspectiva e a representação do real, que resultou em uma maior autonomia da obra de arte.
A seleção de obras enviadas pelo Museu Picasso também poderia ser melhor. O museu francês conta, por exemplo, com magníficos retratos de Dora Maar e de Marie-Thérèse Walter, duas das mulheres de Picasso, ambos produzidos em 1937. Também se destaca em seu acervo "Mulher Sentada Diante da Janela", do mesmo ano, brilhante em sua composição cromática, organização espacial e utilização de soluções cubistas.
Isso não quer dizer que o Museu Picasso só tenha mandado obras menores. "Mulher Chorando" (1937), "Homem com Chapéu de Palha Tomando Sorvete" (1938) e "Busto de Mulher com Chapéu Listrado" (1939) são ótimos exemplos do grande retratista que foi Picasso.
As obras da exposição estão avaliadas em cerca de US$ 120 milhões. As mais caras são "A Mulher que Chora" (1937) e "Menino com Lagosta" (1941), avaliadas em cerca de US$ 7 milhões cada.
A mostra está ainda enriquecida por obras de acervos de museus brasileiros, como o próprio Masp e o MAC-USP.

Mostra: "Picasso: Anos de Guerra 1937-1945"
Onde: Museu de Arte de São Paulo (av. Paulista, 1.578, Cerqueira César, tel. 0/xx/11/251-5644)
Vernissage: segunda, dia 20, às 19h
Quando: terça e quarta, das 10h às 18h; quinta e domingo, das 10h às 20h; sexta e sábado, das 10h às 22h. Até 15 de novembro
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (grátis para menores de 10 anos e maiores de 60 anos)
Patrocínio: Bradesco Seguros e Telefônica


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