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Picasso vem a São Paulo para salvar o ano do Masp
Museu recupera sua visibilidade ao exibir na próxima semana mais de 150 obras de um dos mais revolucionários artistas deste século
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
A mostra "Picasso: Anos de
Guerra 1937-1945", que o Masp
inaugura na segunda-feira (para
convidados) e terça (para o público), tem qualidades e defeitos.
Um mérito é trazer ao país, em
um ano de vacas magras, uma
grande mostra do gênio espanhol.
Ao todo, são mais de 150 obras
(23 pinturas, 39 desenhos, 69 gravuras, três esculturas e duas matrizes em bronze), a grande maioria proveniente do Museu Picasso, em Paris, que conserva a
maior coleção do artista.
Outro mérito é centrar-se em
um peculiar período de sua produção artística, de 1937 a 1945, entre a Guerra Civil Espanhola e a
Segunda Guerra Mundial. Não é
difícil imaginar que tenha sido difícil viver em Paris e, pior, produzir arte durante a ocupação alemã
da cidade.
O terceiro mérito é dar visibilidade ao Masp novamente, já que
o que mais se tem visto no museu
nos últimos meses são os andaimes de sua interminável reforma.
Os defeitos dizem respeito à
composição da mostra, que foi
curada por Dominique Dupuis-Labbé, também curadora do Museu Picasso, hoje no Beaubourg.
É sabido que, além de seu engajamento político (que se reflete
em obras da mostra, como "Gato
Pegando um Passarinho", de
1939), a produção no período
pouco acrescentou à obra produzida nas décadas anteriores.
Picasso praticamente não desenvolveu experiências estéticas
relevantes no período. Naquele
momento, o cubismo, por exemplo, já havia cumprido o seu papel
ao revolucionar questões como a
perspectiva e a representação do
real, que resultou em uma maior
autonomia da obra de arte.
A seleção de obras enviadas pelo Museu Picasso também poderia ser melhor. O museu francês
conta, por exemplo, com magníficos retratos de Dora Maar e de
Marie-Thérèse Walter, duas das
mulheres de Picasso, ambos produzidos em 1937. Também se destaca em seu acervo "Mulher Sentada Diante da Janela", do mesmo
ano, brilhante em sua composição cromática, organização espacial e utilização de soluções cubistas.
Isso não quer dizer que o Museu
Picasso só tenha mandado obras
menores. "Mulher Chorando"
(1937), "Homem com Chapéu de
Palha Tomando Sorvete" (1938) e
"Busto de Mulher com Chapéu
Listrado" (1939) são ótimos
exemplos do grande retratista que
foi Picasso.
As obras da exposição estão
avaliadas em cerca de US$ 120 milhões. As mais caras são "A Mulher que Chora" (1937) e "Menino
com Lagosta" (1941), avaliadas
em cerca de US$ 7 milhões cada.
A mostra está ainda enriquecida
por obras de acervos de museus
brasileiros, como o próprio Masp
e o MAC-USP.
Mostra: "Picasso: Anos de Guerra 1937-1945"
Onde: Museu de Arte de São Paulo (av.
Paulista, 1.578, Cerqueira César, tel.
0/xx/11/251-5644)
Vernissage: segunda, dia 20, às 19h
Quando: terça e quarta, das 10h às 18h;
quinta e domingo, das 10h às 20h; sexta
e sábado, das 10h às 22h. Até 15 de
novembro
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (grátis para
menores de 10 anos e maiores de 60
anos)
Patrocínio: Bradesco Seguros e
Telefônica
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